9 em cada 10 sequestros de SP são ‘golpes do Tinder’, afirma SSP
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo divulgou que 9 em cada 10 casos de sequestros registrados no estado são feitos a partir de aplicativos de relacionamento como o Tinder.
Segundo as autoridades investigativas, os criminosos criam perfis falsos no aplicativo, estudam suas vítimas e a atraem para que possam cometer o crime.
Criminosos usam perfis falsos no Tinder
De acordo com a Divisão Antissequestro do Dope, unidade especializada em sequestro da Polícia Civil paulista, apenas em 2022 eles esclareceram 94 ocorrências desse tipo, prenderam 251 suspeitos e apreenderam 9 adolescentes infratores.
Nesse mês, um médico do Hospital das Clínicas foi sequestrado e mantido em cárcere por cerca de 14 horas após marcar um encontro por meio do Tinder, em Pirituba, na zona norte de São Paulo. Segundo a polícia, o médico só foi liberado depois que os criminosos fizeram transações bancárias por meio de empréstimos, compras e transferências no valor total de R$ 75 mil.
Policiais especialistas em segurança digital disseram que os criminosos observam usuários que ostentam poder econômico nas redes sociais e marcam um encontro na casa da vítima, abordando-as geralmente em ruas desertas.
Um tenente da polícia militar informou ainda que geralmente as vítimas são homens mais velhos e financeiramente bem-sucedidos:
“São pessoas acima de 40 anos, solteiras, que geralmente são comerciantes ou possuem pequenas empresas. São pessoas com alguma posse. A maior parte atrai a vítima pelo Tinder, com mensagens sedutoras e um pedido de encontro o mais rápido possível.”
O policial disse ainda que os criminosos selecionam aqueles que divulgam informações de profissão e postam fotos em viagens internacionais e em carros de luxo.
O agente de segurança relata um dos casos em que ele atendeu:
“Um dos casos que atendi, um homem tinha tentado marcar o encontro com uma mulher em um shopping, mas ela disse que estava doente e lamentava não poder sair de casa para encontrá-lo. Ele acabou se iludindo com a situação e foi até o local encontrar o par romântico, mas foi sequestrado.”
O policial afirmou ainda que acredita existir um grande número de subnotificações desses crimes por diversos motivos, principalmente pela vergonha que muitas vezes a vítima tem de fazer um boletim de ocorrência para registrar o caso.
Por fim, o especialista diz que na maior parte das vezes, o desaparecimento da vítima só é identificado no dia seguinte ao sequestro, quando a família da vítima sente falta dela. Ele afirma também que nunca pegou casos de vítimas que foram levadas para o mesmo cativeiro, no entanto, as regiões são sempre as mesma.
Fonte: G1