A jovem advocacia e o sucesso na pandemia
Aí você se forma, pega sua vermelhinha e está pronto para abrir um escritório, ou ao menos estaria se não estivéssemos num cenário de caos politico e a pandemia de COVID-19.
Início de carreira, por si só, não é tarefa fácil. Para os advogados a situação é um pouco mais chata porque além de não podermos fazer propagandas vivemos num país onde os bens são mais valorizados que os serviços. A título de exemplo: um cidadão é disposto a pagar um milhão de reais por um apartamento, mas acha um absurdo pagar duzentos reais para pinta-lo.
A maioria de nós, da jovem advocacia, veio de universidade particular – as famosas uniesquinas – o que já gera preconceito enquanto lutamos para criar um nome.
Quem entra no mercado da advocacia tendo amigos que já atuam no meio tem a vantagem de obter dicas da prática forense e eventuais parcerias de amigos que não atuem na mesma área. Se eu faço tributário e tenho uma amiga que faz criminal, quando aparece tributário ela me indica e eu indico o que aparece de criminal a ela.
Mas quem começa absolutamente do zero, que fez estágio em órgão público, não consolidou um networking profissional durando a faculdade, e tem um total de zero clientes na carteira, não vê nada além de desespero enquanto se prolonga a quarentena. Em alguns municípios, como acontece no meu, é proibida a abertura de escritórios de advocacia, o que desmotiva e desespera muita gente.
A pandemia trouxe uma moda que talvez tenha vindo para ficar nos tribunais: as audiências virtuais. A virtualização do processo, composta pelo binômio autos eletrônicos e audiência virtual, vai ser um empecilho para os advogados mais antigos e um grande aliado dessa nova geração que está chegando agora e que pode usar disso para revolucionar a advocacia e resgatar o prestígio que a classe vem perdendo ao longo dos últimos anos.
Zygmunt Baumam trouxe críticas à modernidade liquida que, embora pareça grande vilã das relações humanas, pode ser o que vai salvar a jovem advocacia durante esse período de instabilidade que estamos enfrentamos.
A restrição de publicidade de que trata o estatuto de ética do advogado não significa a impossibilidade total de divulgação do escritório, cada vez mais os Tribunais de Ética e Disciplina têm sido favoráveis ao uso de links patrocinados na internet, como ocorre com o Google Ads porque , para o TED, “não viola norma deontológica da profissão, pois, nesta modalidade de anúncio, somente são alcançadas pessoas que procuram pelos serviços advocatícios”.
Diz a inteligência do Provimento 94/2000 e do artigo 31 do Código de Ética e Disciplina:
(…) A publicidade na internet deve conter informações objetivas apresentadas com discrição e moderação. Pode o advogado divulgar em links patrocinados na Internet seu nome, ou da sociedade de advogados a qual pertença, endereço, telefones e áreas de atuação, dentre outras informações objetivas que entenda pertinentes. É vedada a utilização de expressões imprecisas ou exageradas, ou que extrapolem a modicidade e o caráter informativo com o intuito de chamar a atenção do usuário para seu website.
Há, também, a possibilidade do jovem advogado, que em sua maioria pertencem a chamada geração Y e Z, criar websites e páginas de conteúdo para divulgação seu escritório onde podem expor seu conhecimento e trabalho em tempo real, podendo, inclusive monetizar o acesso desse conteúdo.
Ainda, ferramentas como WhatsApp, zoom, skype, que são facilmente domadas pelos jovens advogados permitem um atendimento sigiloso e seguro durante a quarentena.
A pandemia traz intensos reflexos na área contratual, que é um campo extremamente fértil para o pós quarentena, além de estar criando uma onda de consciência social nas grandes faculdades que vêm oferecendo pós-graduações sociais (com o custo bem inferior ao mercado).
De fato, o sucesso e os sonhados zero à direita não vão surgir do dia pra noite, mas o jovem advogado está com a faca e o queijo na mão, é questão de saber fazer o suco com essa limonada para se destacar e, quem sabe, por que revolucionar a advocacia?!
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