Petrobras reabre investigação após polícia apontar importunação sexual em sede da estatal
Petrobras reanalisa denúncia interna de abuso sexual após investigação policial
A Petrobras, uma das maiores estatais do país, está sob o olhar crítico da multidão em função de uma denúncia de abuso sexual. A acusação foi feita por Aline Silva Mendes Pinto, uma analista que trabalha em um dos prédios da empresa no Rio de Janeiro, o Edifício Senado. Conforme relatos da trabalhadora, ela sofreu diversas ocorrências de assédio por um colega de trabalho, levando, inclusive, a um episódio de abuso sexual em julho de 2022.
Contudo, a ouvidoria da Petrobras, na primeira instância, arquivou a reclamação alegando inexistência de provas que confirmassem as alegações de Aline. Agora, com a atenção da mídia sobre o caso e o avanço das investigações da Polícia Civil, a Petrobras optou por reanalisar a apuração interna do caso.
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Por que a Petrobras está reanalisando a denúncia de abuso sexual?
De acordo com informações divulgadas na terça-feira (26), a companhia resolveu reavaliar o caso, além de buscar acesso aos documentos emitidos pelas autoridades para adquirir possíveis novos elementos que ajudem na apuração e caracterização dos fatos. Vale ressaltar que esta não é a primeira ocasião em que a Petrobras altera a conduta em relação a denúncias internas de assédio após a Polícia Civil e o Ministério Público seguirem uma direção oposta ao que foi avaliado pela ouvidoria da estatal.
No próprio relato da vítima, denunciar o abuso não foi tarefa fácil. Aline ressalta que “não tinha com quem falar.” Mesmo após comunicar seus superiores e registrar uma queixa na Ouvidoria da Petrobras e na Polícia Civil, a apuração policial demorou meses para progredir. A investigação interna da Petrobras, por sua vez, concluiu através de um e-mail que o abuso sexual não poderia ser confirmado por falta de testemunhas, imagens ou documentos.
O que a Petrobras tem a dizer sobre as denúncias de abuso sexual?
Em resposta à toda a repercussão, a Petrobras divulgou uma nota afirmando que “a apuração interna do caso citado está sendo reanalisada” e que “não tolera qualquer tipo de violência, sobretudo as ocorridas no ambiente de trabalho e as de natureza sexual”. A empresa ainda destaca que já adotou várias medidas para fortalecer o processo de denúncia e apuração interna de casos.
Segundo a Petrobras, entre 2019 e 2022, foram feitas 81 denúncias de importunação sexual e assédio sexual, com 10 casos confirmados. Destes, cinco resultaram em rescisão de contrato, enquanto as demais situações terminaram em suspensões ou medidas administrativas, de acordo com a gravidade dos atos. No entanto, em 2023, das 21 denúncias de assédio sexual que a empresa recebeu, 11 já foram arquivadas por falta de informações e 2 não foram confirmadas.
Ainda com a promessa de diminuir o prazo para a conclusão das investigações de denúncias de 180 para 60 dias, a Petrobras reconhece a necessidade de aperfeiçoar suas políticas internas para lidar com este tipo de situação. Vale lembrar que o respeito e a segurança no ambiente de trabalho são direitos de todos os trabalhadores e, portanto, precisam ser garantidos pelas empresas.
Fonte: G1