Advogado confunde obra de Maquiavel com livro infantil e Moraes não perdoa: “patético e medíocre”
Erro em citações literárias marca julgamento no STF
Uma situação inusitada chamou a atenção durante um importante julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), que discutia questões decorrentes dos ataques criminosos do dia 8 de janeiro. O advogado Hery Waldir Kattwinkel, encarregado de defender o réu Thiago de Assis Mathar, acabou se confundindo em uma citação literária durante apresentação de sua defesa. O profissional misturou trechos de dois livros completamente diferentes, “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry, e “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel.
Essas duas obras literárias, além de tratarem de temas totalmente distintos, foram escritas em eras diferentes, com quase 400 anos de diferença. O livro infantil “O Pequeno Príncipe” foi lançado em 1943, enquanto o clássico de teoria política “O Príncipe” foi publicado ainda em 1532.
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Como o advogado fez confusão entre obras literárias?
Enquanto discursava sobre a necessidade de avaliar e diferenciar grupos e suas responsabilidades nos ataques às sedes dos Três Poderes, o advogado Kattwinkel perguntou: “Esse julgamento está sendo jurídico ou político, a fim de incriminar mais alguém? A fim de um objetivo o qual não conseguimos entender?” Em seguida, fez um equívoco ao associar a famosa frase “os fins justificam os meios” à obra “O Pequeno Príncipe“. Na verdade, essa citação pertence ao livro “O Príncipe”, de Maquiavel.
Como foi a reação à confusão literária?
O ministro Alexandre de Moraes, ao rebater a fala do advogado, classificou como “patético e medíocre” que um profissional usasse seu tempo de tribuna no Supremo Tribunal Federal para um “discurso de ódio”. Moraes apontou o erro na citação literária, notando que ‘O Príncipe’ e ‘O Pequeno Príncipe’ eram obras completamente distintas.
Após argumentos e debates de Moras e do Advogado, a sessão do dia 14 resultou na condenação de Thiago Mathar a 14 anos de prisão, além de multa e indenização. A decisão do STF apontou Mathar como culpado pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com prejuízo considerável para vítima; deterioração de patrimônio tombado; e associação criminosa armada.
Mesmo que o caso seja emblemático pela confusão literária, fica a reflexão sobre o papel da argumentação e da solidificação de defesa nos ambientes judiciais, sobretudo em uma instância tão alta quanto o Supremo Tribunal Federal.
Fonte: CNN Brasil