Promotor e advogado trocaram palavras duras e quase vieram às vias de fato em meio a audiência realizada na 2ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande, no MG.
Em meio à defesa, o advogado fez comparações entre a vida pessoal do próprio promotor e a do acusado. O promotor, já exaltado, interrompeu a defesa fazendo ilações sobre a moral do advogado. A discussão escalonou na falta de urbanidade e se encerrou com o magistrado oficiando à OAB-MS e ao MP-MS sobre o ocorrido.
O caso tratava da acusação de um entregador de farmácia, que teria matado um colega de trabalho depois de discutirem por mensagens de aplicativo a respeito de falta ao trabalho e sobrecarga na jornada. O entregador disparou contra o colega com arma de fogo, mesmo depois de caído. Uma câmera de segurança captou a imagem do caso. O crime aconteceu em 13 de agosto de 2020 e foi tipificado como homicídio qualificado (art. 121, §2°, IV, do CP).
Na tentativa de mitigar os efeitos da eventual condenação, o advogado levantou fatos que desabonassem o réu. O profissional destacou que o entregador era um trabalhador esforçado, que cumpria jornada de cerca de 14 horas por dia e que a briga com o colega teria se estendido até o limite, quando o entregador, então, “perdeu a cabeça”.
Nesse contexto, o advogado teria feita a seguinte colocação se referindo ao promotor e ao juiz, respectivamente:
Dr. Douglas, nem todo mundo tem a vida que você tem, o salário que você tem, que o Dr. Aluízio tem. Ele mora na Moreninha. Onde você mora?
O promotor, incomodado com a citação, pediu a palavra e devolveu, comentando o seguinte sobre sua vida antes de passar no concurso para o MP-MS:
Tocava 8 horas por noite para ganhar 25 reais. Saía de carona com garçom e nunca na minha vida passou pela minha cabeça comprar uma arma ilegal para me defender. Não me meça pela régua do assassino que você está defendendo.
A discussão de seguiu até o ponto dos dois saírem de suas tribunas e começarem com acusações pessoais. O juiz, então, interveio e comentou:
Não fiz magistratura para separar briga de homem. No máximo, eu chamo a polícia, talvez.
O advogado do caso,
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