“Aeroporto: Área Restrita”: agente da PF suspeito de contrabando participou de série de TV sobre combate ao crime em aeroportos
Uma trama digna de roteiro de cinema foi desvendada nos últimos dias pela Polícia Federal (PF), elucidando um escândalo de contrabando de ouro envolvendo, ironicamente, um policial federal, Gianpiero Nieri Rocha, que participou de uma série televisiva que mostrava o combate a esse tipo de crime no Aeroporto de Guarulhos, São Paulo. A Operação Ládon, deflagrada em dezembro e focada em desvendar um esquema de contrabando de ouro em aeroportos brasileiros, veio à tona e colocou Nieri e seu colega de corporação, Ernesto Kenji Igarashi, no centro do furacão.
Nieri Rocha, personagem da série “Área Restrita Aeroporto”, tida como uma produção que retrata o trabalho de agentes no combate a crimes em aeroportos, é uma das peças centrais de um esquema criminoso que movimentou milhões em contrabando de ouro. Já seu colega, Igarashi, de 51 anos, também afastado das funções e monitorado por tornozeleira eletrônica, partilhava das mesmas atividades ilícitas.
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Dinâmica do Crime
De acordo com as investigações da Polícia Federal, os dois policiais recebiam o ouro – provavelmente oriundo de garimpos clandestinos – e repassavam para pessoas responsáveis por transportá-lo. A PF informou que a Operação Ládon tem como objetivo averiguar a ocorrência dos crimes de organização criminosa, usurpação de bens da União, evasão de divisas, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A Ironia da Situação
É irônico perceber que Nieri, um dos principais personagens da série “Aeroporto: Área Restrita”, acabou se envolvendo no próprio crime que a série procurava retratar na luta contra o contrabando. Na produção, ele é exibido monitorando passageiros que viajavam de Miami, nos Estados Unidos, para São Paulo trazendo mercadorias ilegais em bagagens para fins comerciais de contrabando.
De acordo com as apurações, a investigação da Polícia Federal sobre o esquema de contrabando de ouro aconteceu entre 2018 e 2022. Nesse período, foi constatado que um grupo teria transportado ilegalmente centenas de quilos de ouro para o exterior, a partir de voos internacionais oriundos de São Paulo.
Próximos passos da Operação da PF
Agora, a corporação continua as investigações e busca mais provas para fortalecer o caso. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em várias cidades, como São Paulo, Bragança Paulista, Fortaleza, Brasília e em Irupi, no Espírito Santo. Enquanto isso, o policial Nieri e seu colega Igarashi enfrentam os processos legais referentes ao envolvimento no escândalo de contrabando de ouro, aguardando o desenrolar das ações judiciais.
A descoberta desse esquema de contrabando reforça a importância do trabalho de fiscalização nos aeroportos brasileiros, e mostra como a corrupção, infelizmente, ainda alcança todos os níveis de poder. Fica o alerta para se ter ainda mais atenção na prevenção e repressão a essas atividades ilícitas.