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Polícia Federal explica como empresário de Alexandre Pires usava a família para lavar dinheiro de garimpo ilegal

A Polícia Federal (PF) conduziu uma investigação que apontou o empresário Matheus Possebon, responsável pela gestão da carreira do cantor Alexandre Pires, por utilizar familiares para a lavagem de dinheiro proveniente da empresa Betser. Esta empresa estava sob investigação devido a suspeitas de garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. O empresário negou as acusações e considerou sua prisão como um ato de “violência”.

A apuração da PF resultou na operação Disco de Ouro, que também teve como alvo o cantor Alexandre Pires. Possebon e o dono da Betser, Christian Costa dos Santos, foram detidos, enquanto o cantor teve seu celular apreendido e permanece em liberdade.

Cantor Alexandre Pires e empresário Matheus Possebon
Reprodução: F5 – UOL

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Papel do empresário de Alexandre Pires

A investigação identificou três núcleos: financeiro, logístico e laranjas. Possebon foi apontado como suspeito no núcleo financeiro e como sócio oculto da Betser.

A prisão de Possebon ocorreu no desembarque de um navio em Santos e a PF realizou buscas em um endereço ligado a ele no bairro Bela Vista, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, e em outros cinco imóveis vinculados a outros investigados na operação.

Segundo a polícia, Possebon teria recebido mais de R$ 1,18 milhão da mineradora, com familiares também tendo recebido valores. O contador do empresário também teria recebido recursos da empresa. A PF apontou que Christian dos Santos atuava como “sócio ostensivo” e Possebon como “sócio oculto” da Betser, retirando grandes quantidades de minério e lavando milhões de reais.

A decisão menciona que a principal fonte de renda (R$ 127.723.673,75, sendo R$ 95.393.798,75 da Betser de Roraima em 2021 e 2022) provém da prática de crimes, buscando integrar um patrimônio milionário ao Sistema Financeiro Nacional de forma aparentemente lícita.

Possebon defendeu-se, alegando que a prisão foi decretada devido a uma única transação financeira com uma empresa com a qual não mantém relação comercial.

Investigação do artista

O cantor Alexandre Pires é investigado por ter recebido R$ 1.382.000 da mineradora, parte em contas pessoais e parte em uma conta jurídica. A PF apontou que a empresa dele transferiu R$ 160 mil para um dos investigados, indicando que o cantor teria ignorado a origem do dinheiro e assumido o risco de ser proveniente de atividades criminosas, o que ele nega veementemente.

O esquema, conforme o inquérito, estaria focado na “lavagem” de cassiterita extraída ilegalmente da Terra Indígena Yanomami, onde o minério seria declarado como proveniente de um garimpo regular no Rio Tapajós, Pará, e supostamente transportado para Roraima para processamento.

A cassiterita é um metal usado na produção de ligas, como folhas de flandres, usadas em embalagens de alimentos, acabamento de carros, fabricação de vidros e até em telas de celulares. As investigações indicam que a dinâmica do esquema se dava apenas na documentação, visto que o minério seria originário de Roraima.

Foram identificadas transações financeiras relacionadas a toda a cadeia produtiva do esquema, envolvendo pilotos de aeronaves, postos de combustível, lojas de equipamentos para mineração e laranjas para encobrir movimentações fraudulentas.

A Operação Disco de Ouro, deflagrada na segunda-feira (4), cumpriu mandados em diversas localidades e determinou o sequestro de mais de R$ 130 milhões dos suspeitos. Esta operação é um desdobramento de ações anteriores da PF, incluindo a apreensão de 30 toneladas de cassiterita em janeiro de 2022, provenientes da Terra Indígena Yanomami e preparadas para envio ao exterior.

As investigações estão em curso e continuam.

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