Caso Ana Caroline: o que se sabe sobre o crime brutal que chocou o país
Imagens provenientes de câmeras de segurança, divulgadas pelo portal G1, capturaram os momentos que antecederam a trágica morte de Ana Caroline Sousa Campêlo, uma jovem de 21 anos, na cidade de Maranhãozinho, localizada a 232 km da capital São Luís.
A vítima, uma jovem lésbica, foi brutalmente assassinada em 10 de dezembro, logo após sair do trabalho. Seu rosto, couro cabeludo, olhos e orelhas foram arrancados. Ana Caroline havia se mudado para a cidade há apenas alguns meses para viver com sua namorada.
Leia mais:
Caso Thiago Brennand: empresário é condenado pela 3ª vez em São Paulo
Espanhol que foi para a pior prisão do Irã revela detalhes do cárcere
A morte provocou protestos de ativistas em várias cidades do país. A Ministra da Mulher, Cida Gonçalves, classificou o crime como um ato de lesbofobia e ódio contra as mulheres. Apesar da gravidade do ocorrido, a polícia do Maranhão ainda não conseguiu determinar a motivação por trás do crime.
Suspeito de assassinar Ana Caroline
Um vídeo revela um homem semelhante à descrição fornecida por uma testemunha. Uma vizinha de Ana Caroline informou à polícia que viu a jovem pouco antes de seu desaparecimento, acompanhada por um homem de camiseta branca em uma motocicleta. A testemunha relatou ter observado quando esse homem colocou Ana Caroline no veículo e partiu em direção a uma estrada vicinal que levava ao povoado Cachimbós, onde o corpo foi posteriormente encontrado.
O corpo da vítima foi localizado pelos familiares próximo à Rua Getúlio Vargas, a cerca de 300 metros de onde ela teria virado com sua bicicleta. A bicicleta foi encontrada primeiro pelos parentes, seguida pelo corpo da jovem.
Na terça-feira (16), a Perícia Oficial do Maranhão, após decisão judicial, realizou a exumação do corpo de Ana Caroline. A Polícia Civil alegou que o corpo foi enterrado sem qualquer exame criminalístico. Os restos mortais foram transferidos para São Luís para realizar a perícia.
Comoção com o caso
Dentre as ações em andamento, destaca-se a articulação política para ampliar o Dia Nacional de Enfrentamento ao Lesbocídio no Brasil, originalmente comemorado em 14 de abril e aprovado em alguns municípios, como Niterói (RJ), sob o nome “Lei Luana Barbosa”. Esta lei homenageia Luana Barbosa dos Reis, uma mulher negra e lésbica morta em 2016, após abordagem policial em Ribeirão Preto (SP).
Uma pesquisa conduzida pelas pesquisadoras Suane Felippe Soares, Milena Cristina Carneiro Peres e a professora doutora Maria Clara Marques Dias, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), identificou crimes com indícios de lesbocídio. O estudo, divulgado em 2018, coletou informações entre os anos de 2014 e 2017, revelando um aumento significativo no número de mortes, passando de 16 em 2014 para 54 em 2017, representando um aumento de 237%. As armas de fogo foram o método mais comum, registrando 55% dos casos, seguido por facas, com 23%.