Situação complicada pra Anderson Torres: PF tem dados que contrariam versão da defesa
Investigação questiona tese de ex-ministros sobre operações para coibir compra de votos em 2022
Uma investigação em curso da Polícia Federal aponta indícios que contrariam a principal defesa dos ex-ministros Anderson Torres e Silvinei Vasques, no que diz respeito às operações realizadas no Nordeste no dia da votação do segundo turno de 2022. Ambos defendem que as blitzes tinham o objetivo de coibir a compra de votos – uma prática que, segundo a PF, é mais comumente associada a eleições municipais, e não a pleitos gerais.
O Nordeste, região que centralizou quase um terço das operações naquela ocasião, não foi a região com o maior número de suspeitas de compra de votos naquele ano. De acordo com os números da Justiça Eleitoral, as principais incidências ocorreram na região Norte do país.

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Tese de Anderson Torres é questionada pela investigação
Suspeita-se que as operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Nordeste tiveram por real objetivo dificultar a locomoção de eleitores do então candidato Lula, que superou o ex-presidente Jair Bolsonaro naquela região por quase 13 milhões de votos no primeiro turno. Apesar dessa suspeita, as defesas de Torres e Vasques, ex-ministros da Justiça e chefes da PRF, respectivamente, mantêm a argumentação original: as ações visavam combater o crime de compra de votos.
A compra de votos é mais comum em eleições municipais?
Dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que, de fato, o histórico de compra de votos é maior em eleições municipais. Em 2022, foram abertos 74 processos por acusações do tipo no país. Em contrapartida, o pleito municipal de 2020 resultou em 1.076 ações – quase 15 vezes mais. A eleição geral de 2018 teve ainda menos processos: apenas 61.
Pressão para coibir crimes eleitorais
Uma prova adicional que pode ajudar a esclarecer o caso é um texto encontrado no celular de Marília Alencar, ex-diretora de inteligência do Ministério da Justiça, que sinaliza que havia “aumento de pressão” na pasta para coibir crimes eleitorais. No documento, também se relata que ela teria sido questionada se havia justificativas para ampliar o efetivo no segundo turno, sendo concluído que não.
Em resposta às acusações, o advogado de Torres, Eumar Novacki, declarou que seu cliente nunca interferiu no trabalho da PRF. O advogado de Vasques, Eduardo Pedro Nostrani Simão, afirmou que seja em eleições gerais ou municipais, “o policial está ali para evitar o crime”.
Fonte: Extra