Anthony Hardy, o estripador de Camden
“Sem comentários” (Anthony Hardy, ao ser indagado pela policia sobre seus crimes)
A PERSONALIDADE
Nascido em 31 de maio de 1951, na cidade inglesa de Burton-on-Trent, Anthony Hardy teve uma infância sem anormalidades. Seu pai era mineiro, mas Anthony não seguiu os passos de seu genitor. Após se destacar na escola, conquistou uma vaga na conceituada Imperial College London, onde se graduou em Engenharia.
Sua inteligência era seu grande chamariz, o que o tornava um sucesso com as garotas da faculdade. Casou-se em 1972 com Judith Dwight, uma funcionária da universidade. Após a graduação, Hardy se tornou engenheiro da Companhia Britânica de Açúcar.
Graduado, casado, e ocupando um cargo de alto escalão, Anthony não possuía o perfil tipicamente desajustado comumente detectado em assassinos em série. Porém, por volta dos 30 anos de idade, e já pai de quatro filhos, os problemas começaram a aparecer.
Passou a exercer um comportamento abusivo com sua esposa e filhos e episódios de violência doméstica se tornaram comuns. Seu emprego exigia viagens constantes, e nesse período Hardy desenvolveu um incontrolável vício por sexo, o que acarretou seu envolvimento em inúmeros relacionamentos amorosos, além de costumeiramente contratar serviços de prostitutas.
Após uma crise econômica, Anthony Hardy perdeu seu emprego e passou a sofrer uma profunda depressão, além de apresentar mudanças constantes de humor.
Pouco tempo depois conseguiu um novo emprego, dessa vez na Austrália. Mudou-se com a família na aparente tentativa de começar uma vida diferente, mas seu comportamento continuou o mesmo, agredindo sua esposa e mantendo relações extraconjugais. Em 1986, após um corte de gastos foi novamente demitido.
A essa altura, Hardy já havia desenvolvido uma estranha fixação pela figura de Jack, O Estripador, um assassino em série até hoje não identificado, que aterrorizou a Inglaterra no século XIX.
AS VÍTIMAS
Com problemas psiquiátricos e novamente deprimido por sua mais recente demissão, Anthony resolveu colocar em prática seu primeiro plano macabro.
Planejou minuciosamente como mataria sua esposa. Encheu uma garrafa de água e a colocou no congelador, enquanto abriu as torneiras para encher a banheira de sua casa.
Quando a garrafa se transformou em um bloco sólido de gelo, Hardy a utilizou para atacar seu cônjuge com diversos golpes na cabeça. Com Judith já desacordada, Anthony tentou afogá-la na banheira. Porém, um de seus filhos apareceu no banheiro e interrompeu a execução do crime.
Após ser preso, confessou sua real intenção, mas conseguiu ludibriar as autoridades policiais, convencendo de que precisava de tratamento psiquiátrico. Assim, foi internado em uma unidade de tratamento no estado australiano de Queensland, de onde saiu após pouco tempo, retornando à Inglaterra.
Em sua terra natal, morando em albergues e abusando do uso de álcool e drogas ilícitas, Hardy tenta retomar o controle de sua família, época em que passa a perseguir constantemente sua agora ex-esposa, que o denuncia e consegue uma ordem de restrição. Após infringir a ordem judicial de não se aproximar de Judith, é preso por um curto período.
Novamente em liberdade, Anthony começou a vagar pelas ruas de King’s Cross, um distrito de Londres que na época era habitado por muitas prostitutas, traficantes e dependentes químicos.
No fim da década de 90 foi diagnosticado com diabetes, condição que lhe causou impotência sexual. Em 1998 foi acusado de estupro por uma prostituta. Apesar de preso, logo foi solto por falta de provas.
Em janeiro de 2002, agora morando em um apartamento em Camden, um distrito de Londres, Hardy passou a ser investigado pela polícia por danos criminosos quando se desentendeu com uma vizinha. Um problema que se originou após uma simples reclamação de um vazamento culminou em Anthony pintando obscenidades na porta do apartamento e derramando ácido de bateria na caixa de correios de sua vizinha.
Quando a polícia chegou a seu apartamento, encontraram o corpo de uma mulher nua em sua cama, mais tarde identificada como Sally Rose White, uma prostituta de 38 anos de idade, de King’s Cross.
Além disso, as paredes do imóvel ostentavam diversas inscrições e gravuras satânicas. O corpo havia sido preparado para um ensaio fotográfico, e possuía diversos ferimentos, como mordidas e um corte na cabeça.
Após Hardy ser levado à delegacia e afirmado que não sabia o motivo do corpo estar em sua residência, um experiente perito da polícia atestou que a prostituta não foi assassinada, mas sim morrido de causas naturais. Desse modo, Anthony havia matado pela primeira vez e ficado impune.
Anthony Hardy foi julgado apenas pelos danos ao imóvel de sua vizinha, e novamente utilizou de seus problemas mentais para se livrar da prisão. Após seu tratamento psiquiátrico foi novamente colocado em liberdade em novembro de 2002.
Sua nova vítima faltal foi Elizabeth Valad, uma prostituta de King’s Cross que Anthony estrangulou após praticar relações sexuais em seu apartamento. Assim como pretendia fazer com Sally Rose White, sua primeira vítima, Hardy realizou um ensaio fotográfico com o corpo de Elizabeth. Esse era o método que Anthony utilizava para conseguir atingir sua completa satisfação sexual.
Poucos dias depois, Brigitte MacClennan, uma neozelandesa que trabalhava em King’s Cross foi convencida por Hardy a adentrar em seu apartamento. Com o mesmo “modus operandi” adotado anteriormente, e após a realização de um novo ensaio fotográfico no mesmo estilo, Anthony tinha agora dois corpos em sua residência.
Os vizinhos não notaram nada de estranho, apenas os barulhos de uma aparente obra sendo realizada no apartamento de Anthony. Porém, o que Hardy fazia era utilizar uma serra elétrica e uma serra manual para desmembrar os corpos de Bigitte e Sally, em uma clara alusão aos feitos de seu ídolo, Jack, O Estripador.
Anthony colocou os restos mortais em latas de lixo comunitárias, que logo foram encontrados por um morador de rua que procurava por alimentos nas lixeiras. Com o decorrer das investigações a polícia encontrava cada vez mais restos mortais em diversas lixeiras da região de Camden.
Automaticamente Anthony Hardy foi considerado suspeito, devido ao fato do corpo de Sally Rose White ter sido anteriormente encontrado em sua residência. Em seu apartamento foram encontrados mais restos mortais, além das serras utilizadas no desmembramento sujas de carne humana.
Anthony Hardy não foi encontrado, mas seu nome e sua foto já estavam nos jornais e nos canais de televisão de todo o país, como o “Estripador de Camden”, se tornando o homem mais procurado da Inglaterra.
Permanecendo na região de Camden, Hardy apenas tirou a barba, não se esforçando muito para escapar da polícia. Após procurar por remédios utilizados no tratamento de diabetes em diversos hospitais, Anthony foi finalmente capturado.
O JULGAMENTO
Anthony inicialmente negou a autoria dos delitos, mas em uma tentativa frustrada de assumir o controle da situação ele admitiu ter ceifado a vida de Elizabeth Valad, Brigitte MacClennan e até mesmo de Sally Rose White.
Dessa vez, Hardy não conseguiu utilizar sua deficiência mental para se livrar novamente da prisão, sendo condenado à 03 (três) prisões perpétuas. Sua pena foi confirmada pela Corte Européia de Direitos Humanos em 2012.
Alguns homicídios ocorreram na mesma época em Londres, com os restos mortais das vítimas sendo dispensados em lixeiras e rios. A autoria desses delitos nunca foi esclarecida, o que leva a crer que o Estripador de Camden tenha cometido muito mais crimes do que os que foram a ele imputados, tendo conseguido ficar impune da maioria deles, assim como seu ídolo, Jack, O Estripador.