Bicheiro preso no Rio é apontado como torturador da ditadura militar
Capitão Guimarães foi uma das 13 pessoas detidas na Operação Mahyah
Agentes da Polícia Federal do Ministério Público do Rio (MPRJ) detiveram na sexta-feira(01) o bicheiro Aílton Guimarães Jorge, de 82 anos, também conhecido como Capitão Guimarães, uma das figuras proeminentes no mundo das atividades ilegais no Rio de Janeiro. Guimarães, que já ocupou os cargos de presidente da Escola de Samba Unidos de Vila Isabel e da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), foi uma das 13 pessoas detidas na Operação Mahyah, cujo objetivo é desmantelar uma organização criminosa envolvida em homicídios, corrupção passiva e posse ilegal de armas de fogo.
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O bicheiro é apontado como o líder do grupo criminoso. Essa ação é um desdobramento da Operação Sicários, que teve início em 7 de dezembro de 2022. De acordo com as investigações, três grupos criminosos, sob o comando do Capitão Guimarães, controlavam o monopólio dos jogos de azar e a operação de bingos clandestinos na Ilha do Governador, Niterói, São Gonçalo e no Espírito Santo. Aílton Guimarães recebeu o apelido de “capitão” devido ao seu passado como oficial do exército. Durante o período da ditadura militar no Brasil, de 1964 a 1984, ele esteve envolvido em atividades suspeitas.
Além de suas atividades no mundo do crime, o bicheiro também se envolveu com o carnaval do Rio de Janeiro
Ele foi citado no relatório final da Comissão Nacional da Verdade como um torturador, sendo investigado por manifestamente dos direitos humanos contra presos políticos no Doi-Codi do Rio de Janeiro e na 1ª Cia da Polícia do Exército da Vila Militar. Após deixar o exército em 1981, Guimarães se aproximou de figuras envolvidas no jogo do bicho no estado, como Castor de Andrade, Luizinho Drumond, Anísio, Miro e Turcão. Além de suas atividades no mundo do crime, Guimarães também se envolveu com o carnaval do Rio de Janeiro. Ele atuou como presidente da Liesa de 1987 a 1993 e de 2001 a 2007, quando foi preso na Operação Furacão da Polícia Federal, juntamente com outros bicheiros e dirigentes da entidade.
O Capitão Guimarães também recebeu a honra de ser o presidente de sua escola de samba de coração, em Vila Isabel, localizada na Zona Norte do Rio, e recebeu o título de patrono da Unidos do Viradouro, uma escola de samba em Niterói. Em 2022, o bicheiro foi preso sob suspeita de ser o mandante do assassinato de Fábio de Aguiar Sardinha, ocorrido em 2020 em um posto de gasolina em São Gonçalo, na Região Metropolitana do RJ. Acredita-se que Fábio tenha desviado dinheiro da quadrilha dirigida pelo Capitão Guimarães.
No dia do crime, Sardinha foi abordado por dois homens em uma motocicleta enquanto abastecia seu carro no posto de combustível. Durante o incidente, ele foi baleado e não sobreviveu aos ferimentos, enquanto seu pai saiu ileso da situação. Na mesma ocasião, um fuzil foi encontrado na residência do bicheiro e os caseiros do contraventor entraram em confronto com a polícia em Búzios, na Região dos Lagos, sendo todos presos em flagrante. Em 2012, o Capitão Guimarães já havia sido detido juntamente com outros dois contraventores do Rio, Anísio Abraão David (Anísio) e Antônio Petrus Kalil (Turcão), como parte das ramificações da Operação Furacão, que teve início em 2007. Eles foram acusados de lavagem de dinheiro e corrupção de agentes públicos.
Fonte: G1