Bolsonaro acusa Lula de descumprir decisão que proibiu propaganda sobre canibalismo
O atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e sua coligação, voltaram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para acusarem o candidato Lula de descumprimento da decisão do Ministro Paulo de Tarso Sanseverino que proibiu que a campanha do PT associasse Bolsonaro ao canibalismo.
Para Paulo de Tarso, a propaganda trouxe grave descontextualização da fala de Bolsonaro, e, por isso, decidiu pela imediata suspensão dela tanto na televisão, quanto no site e nas redes sociais.
Campanha de Lula associa Bolsonaro ao canibalismo
A campanha de Lula no segundo turno utiliza trechos de uma entrevista antiga do presidente, na qual ele afirma que “comeria um índio sem problema nenhum“.
A entrevista foi dada para o New York Times em 2016, e Bolsonaro ainda teria dito, na ocasião, que só não comeu carne humana porque seus colegas não quiseram acompanhá-lo, mas se referindo à cultura da Tribo Indígena que cozinha e come a carne do índio falecido.
Confira a fala completa de Jair Bolsonaro em 2016:
“Estive em Surucucu certa vez. Aí comecei a ver lá as mulheres índias passando com carregamento de bananas nas costas, uma atrás da outra. E o índio passa limpando os dentes com capim. ‘O que está acontecendo?’. Eu vi muita gente andando. ‘Morreu um índio e eles estão cozinhando’. Eles cozinham o índio, é a cultura deles. O corpo. Para comer. Eles cozinham por dois, três dias e comem com uma banana. Eu queria ver o índio sendo cozinhado. Daí o cara: ‘Se for, tem que comer’. Falei: ‘Eu como’. Daí a comitiva, ninguém quis ir. ‘Vamos comigo lá’, ninguém quis ir. Daí, como a comitiva não quis ir, porque tinha que comer o índio, não queriam me levar sozinho lá, aí não fui. Eu comeria o índio sem problema nenhum, é a cultura deles, e eu me submeti àquilo, tá ok?”
Após a repercussão da propaganda eleitoral, e do pedido de Bolsonaro, o ministro determinou que o PT se abstenha de “novas divulgações com igual teor, com a advertência da possibilidade de configuração de crime de desobediência“.
Coligação de Bolsonaro acusa PT de descumprimento da medida liminar
Apesar da proibição, segundo Bolsonaro e a coligação, o vídeo voltou a ser exibido nas inserções do PT.
Os advogados de Bolsonaro pedem “medidas excepcionais” para garantir que a decisão seja cumprida, sugerindo a suspensão de todas as propagandas de Lula na televisão até que o petista comprove o cumprimento da ordem.
“Os representados não só veicularam a inserção vedada, como intensificaram a exibição nos blocos de maior audiência no domingo, obtendo a melhor audiência para públicos de menor renda e menos escolarizados, de modo a potencializar os efeitos da inverdade e da ofensa.”
Por fim, os advogados da coligação também pediram ao TSE que notifique o Ministério Público Eleitoral para investigar um possível crime de desobediência.
Fonte: Correio Braziliense