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Brent Turvey, o profiler analítico

Brent Turvey, o profiler analítico

Brent Turvey é conhecido entre profissionais e pessoas que estudam Criminal Profiling por ser um dos precursores do Behavioral Evidence Analysis – ou Análise dos Vestígios Comportamentais (AVC), em português.

Brent Turvey

Ele é formado em Psicologia, possui doutorado em Criminologia e desde 1996 trabalha como cientista forense, reconstrucionista de crime e como profiler para a polícia, advogados e agências governamentais em todo mundo, incluindo consultoria e atuação como expert forense em casos criminais e civis.

Sobre o trabalho de Turvey, ele afirma em seu site que trabalha com violência sexual, falsas alegações, crimes em série e homicídios em série, principalmente envolvendo crimes encenados e particularmente violentos e diferenciados. Sua atuação é bastante conhecida também na América Latina, tendo livros em espanhol, assim como em inglês.

Um de seus livros mais conhecido é Criminal Profiling: An Introduction to Behavioral Evidence Analysis, de 1999, já em sua quarta edição (2011), mas que infelizmente não possui tradução.

Em seu livro, ele explica que a Análise dos Vestígios Comportamentais (AVC) é um método ideográfico que examina todos os vestígios comportamentais que possam ser comprovados a partir de fatos empíricos. Esses vestígios são descobertos a partir de uma análise meticulosa de todas as evidências físicas, testemunhos e documentos relacionados ao crime.

Para o Criminal Profiling, o resultado da análise dos vestígios comportamentais encontrados é utilizado para determinar padrões comportamentais a fim de indicar características de quem cometeu o crime. O profiler examina o caso ou vários casos relacionados para conseguir distinguir quais são as características de um criminoso específico responsável por um tipo de crime.

Essa análise é feita a partir de três fontes de informações em que serão concluídas circunstâncias sem a necessidade de ideias preconcebidas do ofensor. Essas fontes são: exame forense, vitimologia e análise do crime.

Exame forense

O exame forense é a verificação e interpretação de evidências físicas relacionadas ao crime; é a parte em que o profiler inicia o seu trabalho de determinar os vestígios comportamentais. É um trabalho minucioso e vital para concluir o trabalho.

Vitimologia

A vitimologia, como já explicado nesse texto, avalia as características da vítima, seu grau de risco e exposição ao risco para compreender características do ofensor, como sua motivação e o grau de risco de detecção que ele se colocou quando cometeu o crime.

Análise do crime

Já a análise do crime se refere a todo o processo de investigação e sobre o tipo de crime cometido, seus métodos e características do local do crime, assim como a análise da vitimologia e dos exames forenses que se juntam ao final para a construção do perfil.

Para o aprimoramento e entendimento de como essa técnica funciona, existem dez princípios que regem a conduta do profiler visando a manter a objetividade da análise. São eles:

Princípio da Singularidade

Somos singulares, e portanto, o criminoso possui características únicas, mesmo que também possua características padronizadas.

Princípio da Separação

Devemos separar nossas visões de mundo para não julgar o ofensor pela nossa ótica e sim entender a ótica dele.

Princípio da Dinâmica Comportamental

Nem sempre os crimes cometidos pela mesma pessoa terão as mesmas características, já que o comportamento é dinâmico e muda com o tempo.

Princípio da Motivação Comportamental

“A motivação é a força que move e que direciona o comportamento” e pode ser influenciadas por diversos fatores.

Princípio da Múltipla Determinação

Somos complexos e, por isso, podemos dar múltiplas funções aos nossos atos.

Princípio das Dinâmicas Motivacionais da Variação Comportamental

As motivações também podem ser múltiplas, e os objetivos podem mudar durante o ato criminoso.

Princípio das Consequências Indesejadas

Existem fatores externos que podem modificar situações de uma cena de crime, portanto, o profiler não deve presumir a intencionalidade em um local de crime.

Princípio da Deterioração da Memória

Relatos de testemunhas não são fiáveis quando não existem informações que corroborem com as informações dadas. É importante entender que existem vários fatores que influenciam a memória das pessoas, como sentimentos, sugestionamento, expectativas e até dificuldades de identificação interracial pela não convivência com outras etnias.

Princípio da Fiabilidade

É preciso evitar ao máximo as presunções dos comportamentos através de interpretações não analíticas e cobertas de julgamentos. Os resultados precisam ser objetivos, científicos e imparciais.

Para ter um resultado confiável e completo é preciso uma análise criteriosa que resulte em uma boa quantidade de pistas comportamentais, pois somente assim é possível concluir o perfil criminal do agressor.

REFERÊNCIAS

Informações sobre Brent Turvey. Disponível aqui.

PAULINO, M. ALMEIDA, F. Profiling, Vitimilogia & Ciências Forenses, Perspectivas Atuais. 2ª Ed. Editora: Pactor, Lisboa, 2013.

SIMAS, Tânia Konvalina. Profiling Criminal. Introdução à Análise Comportamental no Contexto Investigativo. Lisboa: Rei dos Livros, 2012.


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Verônyca Veras

Especialista em Criminal Profiling. Advogada.

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