Captação de clientes e aviltamento de honorários
Este tema, sempre tão recorrente, deve deter atenção em grau superlativo.
Não sou contrário a se efetivar propaganda ou publicidade, mas tudo tem limite. Vejo nas mídias digitais e sites várias propagandas de advogados e escritórios.
Colegas, isso tudo tem efeito contrário! Efetivar propaganda, inclusive em paradas de ônibus, mediante papéis colados, em versos de receitas de bolo, em folhetos distribuídos aleatoriamente em sinaleiras, nos versos de comandas de lancheria, em calendários com imãs de geladeira, traz um aspecto pejorativo não só para o profissional, mas, principalmente, para a categoria.
Ora, como se quer ter respeito se o seu nome anda em qualquer lugar? Por acaso, seu panfleto… sabes onde vai parar? Ou não lhe incomoda nem um pouco isso?
Não há que se falar em dificuldades iniciais da profissão se o profissional, que estudou anos, se preparou, no momento de comunicar sua existência, o faz em locais indignos, sendo que tal fato traduz em dois acontecimentos, a nosso ver: o aviltamento de honorários e a depreciação da profissão, concluindo em maior dificuldade ainda. Sabe quando você terá um cliente empresarial desse jeito? Preciso responder?
Sim, somos vários, mas o que faz uns terem mais sucesso que os outros ou se diferenciarem? E aqui falo em dois tipos de sucessos: o de maior clientela (a qualquer custo) e o de clientela mais apurado.
O que faz ter sucesso é trabalho sério, trabalho de formiga. Esse sucesso é duradouro, compensador, traz o reconhecimento, faz a lenda tanto dentro quanto fora dos tribunais, traz bons clientes.
A advocacia hoje de quantidade, advocacia popular, é perigosa: atrai qualquer público a preços ínfimos, faz má fama e coloca em risco sua vida.
Quando vejo propagandas desse tipo me entristeço pela categoria. Afinal, qual é a fama do advogado criminalista? E porque os colegas que não o tratam com devido respeito e rigor e ajudam a tornar tal fama mais pesada?
A clientela que trabalhamos muitas vezes é perigosa. Nem tudo é um processo criminal empresarial. Fazer propaganda em paradas de ônibus é violentar toda uma categoria.
Aviltamento de honorários
Essa conduta traz aviltamento de honorários, e esses não são objeto de leilão ou barganha, não podem ser moeda de troca ou de coerção utilizadas pelos clientes.
Se assim o fazes, sinto muito, não o reconheço como criminalista, muito menos sequer como advogado, não o sinto como parte de nosso colegiado e, com certeza, se me conheces e me encontras na labuta, por favor, faça a gentileza de não me cumprimentar. Prefiro assim! Evite constrangimento.
Jovens advogados: não caiam nessa armadilha de receber a pecha de “advogado bem baratinho e que resolve qualquer assunto” somente para ter trabalho. É a pior coisa que farão em suas carreiras.
Amigos, cobrem por seu trabalho, avaliem o justo. Se o cliente ameaçar de ir procurar outro, que o vá. A perda não é sua, é dele. Ele não merece seu tempo e conhecimento. Você não é uma mercadoria, não está em promoção ou queima de estoque.
Faça sua clientela, a propaganda melhor ainda é a individual, o famoso “boca a boca”. Não caia na armadilha de receber pecha maculatória na delegacia, no fórum, pois não se engane: todos lá o sabem (O agente, o serventuário, o MP, o Juiz). E fama corre rápido.
Tenha orgulho de sua profissão! Advogar é para os corajosos, já dizia Rui Barbosa. Não jogue fora ou crie uma carga que não poderás mais se livrar. Leve-se a sério se queres ser levado pelos outros e também por si. Isto é sucesso, dinheiro, é consequência!
Até a próxima!
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