Caso Bruno e Dom: Justiça volta a ouvir acusados pelo assassinato brutal do indigenista e do jornalista
Justiça Federal retoma audiência sobre o assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips
Nesta quinta-feira (27), a Justiça Federal volta a ouvir os réus acusados de participação nos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Os acusados são Amarildo da Costa de Oliveira, Oseney da Costa de Oliveira, e Jefferson da Silva Lima. Seus depoimentos serão transmitidos online, devido aos acusados estarem detidos em presídios federais em outros estados. O processo corre na Subseção Judiciária de Tabatinga (AM).
Em março deste ano, a sessão de depoimentos dos três acusados foi suspensa devido a problemas de conexão com a internet nos presídios federais onde estão detidos. A sessão teve que ser remarcada duas vezes, a última a pedido da defesa, que solicitou uma videoconferência privada. Os acusados foram ouvidos em 8 de maio pelo juiz federal Fabiano Verli.
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Bruno Pereira e Dom Phillips foram brutalmente assassinados em 5 de junho de 2022, quando viajavam de barco pelo Vale do Javari, no Amazonas. A área abriga a segunda maior terra indígena do país, com mais de 8,5 milhões de hectares, e também o maior número de indígenas isolados ou de contato recente do mundo.
Eles foram vistos pela última vez enquanto se dirigiam da comunidade São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte (AM), onde se reuniriam com líderes indígenas e de comunidades ribeirinhas. Seus corpos foram encontrados dez dias depois, enterrados em uma área de floresta fechada, a cerca de 3 quilômetros do Rio Itacoaí.
Quem eram o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips?
Dom Phillips, colaborador do jornal britânico The Guardian, era um jornalista dedicado a cobrir conflitos sobre terras e a situação dos povos indígenas, e estava preparando um livro sobre a Amazônia.
No caso de Bruno Pereira, o indigenista já havia sido Coordenador-Geral de Índios Isolados e Recém-Contatados pela Fundação Nacional do Índio (Funai), antes de se licenciar para trabalhar União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Conhecido por defender as comunidades indígenas e a preservação do meio ambiente, Bruno havia recebido várias ameaças de morte.
E sobre os acusados dos assassinatos?
Amarildo, Jefferson e Oseney foram identificados e presos, sendo acusados de assassinar e ocultar os corpos das vítimas. No início, os dois primeiros confessaram os crimes, mas depois mudaram seus depoimentos. O MPF, entretanto, acredita que o assassinato de Bruno está diretamente relacionado com seu trabalho em defesa das comunidades indígenas, e que Dom foi morto para garantir a ocultação e impunidade do crime cometido contra Bruno.
O aguardado veredicto é agora responsabilidade do juiz Verli, que deverá decidir, com base nas provas e depoimentos, se o caso irá a júri popular.