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Caso Isabella Nardoni faz 15 anos: relembre o crime

O homicídio aconteceu na noite de 29 de março de 2008, em São Paulo

A Netflix revelou o teaser e o lançamento agendado do seu mais recente documentário brasileiro, intitulado “Isabella: o Caso Nardoni”. A produção está programada para estrear em 17 de agosto, prometendo apresentar uma nova abordagem e reflexão sobre o crime que ocorreu há 15 anos. O documentário foca na história de Isabella de Oliveira Nardoni, uma criança de cinco anos que foi lançada do sexto andar do apartamento onde seu pai, Alexandre Nardoni, residia com sua esposa, Anna Carolina Jatobá, e seus dois filhos. O incidente aconteceu na noite de 29 de março de 2008, em São Paulo.

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O caso atraiu ampla atenção nacional e dominou as manchetes dos noticiários. A comoção inicial pela trágica morte da criança foi intensificada à medida que novas evidências surgiram contra o casal Nardoni. Isso incluiu o cruzamento de informações de registros telefônicos e do rastreador do veículo de Alexandre, permitindo a criação de uma linha do tempo que contradiz a alegação da defesa de que o casal estava na garagem no momento da queda da menina.

Após um julgamento por júri popular em 2010, o pai e a madrasta foram julgados culpados por homicídio qualificado triplamente e manipulação de provas (por alterar a cena do crime). Inicialmente, eles afirmaram que uma terceira pessoa havia invadido o apartamento e cometido o crime.

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Fonte: Folha PE

Alexandre e Anna Jatobá afirmaram que o apartamento havia sido invadido e que a criança havia sido jogada por um dos invasores. Segundo o relato de Nardoni, ele havia colocado Isabella para dormir na cama e, em seguida, retornou à garagem do prédio para ajudar a esposa a levar os outros dois filhos, de 11 meses e 3 anos. Ele alegou que, ao voltar para o apartamento, encontrou a tela cortada e Isabella caída no gramado. No entanto, as primeiras provas periciais não corroboraram essa versão. Em 2 de abril de 2008, a polícia emitiu mandados de prisão temporária para o casal.

Isabella Nardoni apresentava marcas de estrangulamento no pescoço e hematomas nos pulmões, sugerindo que ela foi agredida antes da queda

Diversos detalhes indicavam a responsabilidade do casal Nardoni pelo crime. A investigação revelou marcas de estrangulamento no pescoço de Isabella, assim como hematomas nos pulmões, sugerindo agressão antes da queda. O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) indicou que a criança teria falecido mesmo que não tivesse sido arremessada pela janela, concluindo que a asfixia seguida de traumas múltiplos foi a causa da morte.

As marcas no pescoço indicavam que Isabella havia sido estrangulada por cerca de três minutos, levando-a ao desmaio devido à falta de oxigênio. Se tivesse recebido assistência, como massagem cardíaca e respiração boca a boca, talvez sua vida tivesse sido salva.

A convergência de três laudos periciais resultou para a autoria do crime. Além do laudo do IML, relatório da criminalística que indicavam o horário da entrada do carro de Alexandre Nardoni e Anna Jatobá no prédio, juntamente com análises da cena do crime conduzidos pelo Núcleo de Crimes Contra a Pessoa, construíram uma narrativa clara dos eventos naquela noite.

De acordo com o inquérito, o assassinato de Isabella ocorreu entre 23h30 e 23h50. As marcas de estrangulamento no pescoço da criança coincidem com o tamanho das mãos da madrasta. Com Isabella desacordada, foi Alexandre quem a lançou pela tela de proteção do quarto dos outros filhos, tela essa que foi cortada com uma faca e uma tesoura.

Em março de 2010, após um julgamento de cinco dias, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram julgados culpados pelo assassinato de Isabella. As acusações incluíam o homicídio triplamente qualificado e a manipulação das evidências. Alexandre recebeu uma sentença de 31 anos e 10 dias de prisão, enquanto Anna Jatobá foi condenada a 26 anos e 8 meses. Em 2019, Alexandre Nardoni conseguiu progredir para o regime semiaberto e agora cumpri sua pena na Ala de Progressão da Penitenciária 2 de Tremembé, localizada no Vale do Paraíba.

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Fonte: Último Segundo – iG

Por sua vez, Anna Carolina Jatobá alcançou o regime semiaberto em 2017. Neste ano, ela teve sua pena reduzida para o regime aberto, permitindo que fosse libertada da prisão em junho. O pedido para essa mudança de regime estava sendo analisado pelo sistema judiciário de São Paulo.

Em maio, a 5ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) determinou, de forma unânime, que o pedido da defesa de Anna Jatobá fosse avaliado pela Justiça paulista. No regime aberto, a detenta tem permissão para trabalhar durante o dia e deve retornar a um local chamado Casa de Albergado apenas para pernoitar. Este local serve como uma espécie de residência coletiva para indivíduos em liberdade condicional.

O documentário produzido pela Netflix promete revelar detalhes inéditos do caso, apresentando também novos depoimentos. O filme inclui entrevistas exclusivas com a mãe e avós de Isabella, assim como jornalistas, peritos e advogados de defesa que estiveram envolvidos no caso e em sua ampla notoriedade em todo o país.

O documentário detalha como foi o trabalho da perícia, quais provas atestaram a culpa do casal e o que os fez descartar outras hipóteses. A equipe analisou 6.000 páginas de processo, gravou 118 horas de entrevistas e reuniu mais de 5.000 itens do arquivo fotográfico da mídia e do acervo da família.

Fonte: SPLASH

Daniele Kopp

Daniele Kopp é formada em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e Pós-graduada em Direito e Processo Penal pela mesma Universidade. Seu interesse e gosto pelo Direito Criminal vem desde o ingresso no curso de Direito. Por essa razão se especializou na área, através da Pós-Graduação e pesquisas na área das condenações pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Sistema Carcerário Brasileiro, frente aos Direitos Humanos dos condenados. Atua como servidora na Defensoria Pública do RS.

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