Caso Mãe Bernadete: familiares deixam quilombo onde ocorreu o crime
Essa decisão foi tomada como parte de uma forma de “proteção informal”
Os familiares de Mãe Bernadete, líder quilombola que foi assassinada a tiros dentro da associação do Quilombo Pitanga dos Palmares, tomaram a decisão de deixar o quilombo onde viviam após receberem uma oferta de proteção por parte do governo estadual. Conforme noticiado pela TV Bahia, o advogado da família, David Mendez, informou que o filho de Mãe Bernadete, sua esposa, a viúva de outro filho da líder religiosa, e o neto que testemunhou o assassinato, saíram do quilombo. Essa decisão foi tomada como parte de uma forma de “proteção informal”, a qual foi solicitada pela família e aceita pelo governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues.
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O filho e o neto de Mãe Bernadete agora contam com uma escolta policial da Polícia Militar que os acompanha 24 horas por dia. Antes do assassinato, ocorrido na Região Metropolitana de Salvador, a líder religiosa pensou que os homens que invadiram sua casa seriam assaltantes, conforme relatou seu neto, Wellington Gabriel de Jesus dos Santos, em depoimento à polícia na segunda-feira (21). Quando os dois homens armados, usando capacetes de motociclista, a renderam, Mãe Bernadete perguntou: “É um assalto?”
No momento do assassinato, a vítima estava com três netos: Wellington, de 22 anos, no quarto da casa, e dois adolescentes de 13 e 12 anos na sala. Até o momento, cinco dias após o homicídio, ninguém foi preso. Segundo Wellington, os homens roubaram o celular da avó e exigiram que ela desbloqueasse o aparelho. Além disso, roubaram os celulares dos adolescentes e os mandaram para um dos quartos da casa. Após esses eventos, um dos homens foi até o quarto de Wellington e o obrigou a deitar no chão, usando linguagem ofensiva. Após sair do quarto, o homem fechou a porta e foram ouvidos vários tiros. Quando Wellington saiu do quarto, encontrou sua avó morta na sala.
Wellington usou o aplicativo de mensagens que estava aberto no computador para pedir socorro aos moradores do quilombo
Wellington usou um computador para pedir ajuda a outros moradores do quilombo e, em seguida, foi até o terreiro liderado por Mãe Bernadete para chamar a polícia. Diferentes linhas de investigação estão sendo seguidas pela polícia, incluindo disputas entre facções criminosas e conflitos relacionados ao território quilombola. A polícia acredita que os suspeitos são experientes em cometer assassinatos. O governador da Bahia informou que a Polícia Civil está trabalhando em cooperação com outras agências para esclarecer o caso.
Ele mencionou que, embora a principal tese da polícia seja uma briga entre facções criminosas, a disputa pelo território quilombola também é considerada, e medidas estão sendo tomadas para regularizar o território junto ao Incra. Em relação às armas usadas no assassinato, foi confirmado que eram de uso restrito, e várias unidades policiais estão envolvidas nas investigações. A agência de direitos humanos da ONU solicita uma investigação rápida, imparcial e transparente por parte do estado.
Fonte: iBahia