Caso Zaira Cruz: Quatro anos após o crime, mãe da vítima cobra desesperadamente julgamento de policial militar acusado pelo homicídio
O Sargento da Polícia Militar permanece preso no quartel da corporação
Ozanete Dantas, mãe da estudante universitária Zaira Dantas Silveira Cruz, de 22 anos, que foi assassinada durante o carnaval de 2019 na cidade de Caicó, no Seridó potiguar, expressa sua aflição diante da demora angustiante para a marcação do julgamento do policial militar Pedro Inácio Araújo de Maria, de 36 anos, acusado de matar sua filha. O Sargento da Polícia Militar permanece preso no quartel da corporação. Ozanete revela que enfrentou momentos de extrema angústia, revivendo a dor de perder sua filha e lidando com o sofrimento de sua outra filha, que chora ao ver as fotos de Zaira.
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Ela lamenta a perda precoce de sua filha, cuja juventude foi interrompida, enquanto a demora no julgamento acrescenta ainda mais sofrimento à situação. Em 2 de março de 2019, Zaira Cruz foi encontrada morta no carro de Pedro Inácio, com quem teve um relacionamento. O Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep) confirmou que a vítima foi estuprada e asfixiada. A Justiça acolheu a denúncia do Ministério Público e Pedro Inácio será julgado pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, com asfixia para ocultar outro delito, e feminicídio.
Pedro Inácio está em prisão preventiva desde 15 de março de 2019. Apesar da decisão de pronúncia pelo juiz Luiz Cândido Villaça da 3ª Vara de Caicó em março de 2021, o julgamento ainda não foi agendado, gerando sofrimento para a família da vítima. Ozanete relata que as expectativas do julgamento ter sido marcado no final do ano anterior não se concretizaram e a situação continua arrastando-se neste ano.
“Seguimos aguardando, esperando que possa acontecer ainda este ano. Tem horas que fico desestimulada, é uma coisa muito demorada, não tenho mais a quem recorrer. Só queria que tudo isso acabasse, para que eu possa ter um pouco de paz”, afirmou Ozanete.
Segundo a advogada que representa a família de Zaira, o processo encontra-se na última fase antes de retornar para o julgamento popular
Segundo a advogada Kalina Medeiros, que representa a família de Zaira, o processo está prestes a ser encaminhado de volta ao Rio Grande do Norte, encontrando-se na última fase antes de retornar à comarca de Caicó para o julgamento popular.
A defesa do réu tem utilizado todos os recursos disponíveis, incluindo um recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), já julgado, e um recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal (STF), aguardando decisão. A advogada enfatizou a urgência de acelerar o processo, uma vez que a família da vítima espera há mais de quatro anos pela justiça, e apenas com a condenação do acusado poderá começar a superar o luto.
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJ-RN) informou à reportagem do g1 RN que não existe um prazo legal máximo para a conclusão do julgamento. Por outro lado, a advogada Andrea Oliveira, responsável pela defesa de Pedro Inácio, acredita que, apesar dos recursos interpostos nas últimas instâncias judiciais, ainda é possível obter a absolvição do policial no julgamento popular. Ela destacou que buscaram a revisão do conjunto de provas judicialmente em todas as instâncias, com a expectativa de que os erros processuais sejam reconhecidos.
Pedro Inácio encontra-se preso há quatro anos e deseja que toda essa situação seja resolvida. O crime ocorreu em 2 de março de 2019, durante o carnaval, quando Zaira Cruz, de 22 anos, foi encontrada morta dentro do carro do policial militar, que estava trancado. Segundo a Polícia Civil, o PM e a vítima, acompanhados por um grupo de amigos, haviam alugado uma casa para o feriado em Caicó. O próprio policial acionou a polícia e afirmou que teve relações sexuais com Zaira e, em seguida, a deixou dormindo no carro.
Em 15 de março do mesmo ano, o policial militar foi preso sob suspeita de estupro e homicídio em Currais Novos, cidade onde ambos moravam. Em 26 de março, a Polícia Civil concluiu o inquérito, apontando que Zaira foi vítima de estupro e feminicídio. Zaira era natural de Currais Novos, mas morava em Mossoró, onde estudava Engenharia Química na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa).
Fonte: G1