Chefe mais procurado do Comando Vermelho ficou fora de banco nacional de foragidos
Abelha, um dos líderes do Comando Vermelho, era procurado somente pelo estado do Rio
No contexto da crescente onda de criminalidade que tem abalado o Rio de Janeiro em 2023, surge um nome que tem atraído a atenção de todos: Wilton Quintanilha, também conhecido como Abelha. Considerado um dos líderes do Comando Vermelho, Abelha tem se tornado um dos criminosos mais visados nas operações ocorrendo no Rio, apesar de um detalhe intrigante: até a tarde de uma recente terça-feira, se conseguisse deixar o estado do Rio, Abelha estaria livre, uma vez que seu nome não constava no BNMP (Banco Nacional de Mandados de Prisão).
Para entender melhor esse contexto, é necessário conhecer a funcionalidade do BNMP. Esse órgão, vinculado ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça), possui um registro de todos os mandados de prisão nacionais. Portanto, no caso de um fugitivo tentar atravessar fronteiras inter-estatais ou internacional, se identificado, será detectado como foragido.
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Por que o nome de Abelha, um dos maiores chefes do Comando Vermelho, não constava no BNMP?
Apesar de Abelha ser considerado foragido pela Justiça fluminense, a reportagem monitorou o banco desde o dia 15 de setembro e não encontrou quaisquer documentos relacionados ao criminoso disponíveis. Perplexos com essa ausência, a Folha procurou o Tribunal de Justiça pela manhã e obteve como resposta que, após o questionamento feito, procedeu-se à inclusão das informações. No entanto, as informações só reapareceram no sistema às 16h30 da mesma terça-feira.
O que significa a ausência dos mandados de Abelha no BNMP?
Na prática, essa falha significa que Abelha, se reconhecido fora do estado do Rio por uma autoridade que solicitasse ao governo fluminense uma verificação de sua situação judicial, poderia ser preso. No entanto, sem a consulta de documentos, fora do estado seu nome não apareceria como procurado. A esse respeito, um delegado da cúpula da Polícia Civil disse que pedirá à Polinter (Divisão de Capturas da Polícia Interestadual) que apure junto ao sistema nacional o motivo da ausência dos pedidos de prisão.
Quais são as acusações contra Abelha?
Conforme o banco de dados das polícias fluminenses, existem três mandados ativos de prisão preventiva para Abelha. Ele é acusado de associação ao tráfico e de dois homicídios, incluindo o assassinato de Ana Cristina Silva, 25, ocorrido no morro de São Carlos, região central do Rio, em 2020. Segundo as investigações policiais, Abelha é um dos líderes de uma expansão do Comando Vermelho para a zona oeste do Rio de Janeiro, em uma disputa com milicianos que resultou em aproximadamente 50 mortes nos seis primeiros meses de 2023.
Com as informações recentemente disponibilizadas no BNMP, espera-se que o trabalho das forças de segurança em capturar Abelha seja facilitado, contribuindo para a diminuição do crime no estado do Rio de Janeiro.
Fonte: Folha de S. Paulo