Em nome do amor maternal: A história de Marianne Bachmeier, a ‘Mãe da Vingança
Justiça ou vingança? A história de Marianne Bachmeier
Numa sociedade onde a linha entre justiça e vingança é cada vez mais tênue, poucos casos causaram tanta comoção quanto o de Marianne Bachmeier. Em 1981, Marianne ganhou notoriedade após executar em pleno tribunal Klaus Grabowski, acusado de estuprar e matar Anna, sua filha de apenas sete anos.
Este inusitado episódio ocorreu numa pequena cidade da Alemanha Ocidental, Lübeck. Marianne, determinada a vingar a morte de sua filha, não exitou em puxar o gatilho e alvejar o açougueiro acusado de tão hediondo crime.
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Quem era Marianne Bachmeier?
Nascida em 3 de junho de 1950 na Baixa Saxônia, Marianne teve uma vida difícil desde sua infância. Criada em um lar religioso e conservador, sofreu diversas humilhações nas mãos de uma figura paterna alcoólatra e agressiva. Tendo a vida marcada por uma série de adversidades, inclusive pela perda de duas crianças que colocou para adoção, Marianne encontrou na maternidade solo um porto seguro. Anna, nascida em 1972, era a luz em meio a tantas dores.
Um crime brutal: A morte de Anna
Já adulta, Marianne trabalhava em um pub enquanto cuidava de sua filha ao mesmo tempo, o que frequentemente a obrigava a deixar a pequena Anna sozinha em casa. Em maio de 1980, após desentendimentos com sua mãe, Anna buscando refúgio, acabou sequestrada por Klaus Grabowski, estuprada e estrangulada. O cadáver da menina foi encontrado em uma caixa de papelão à beira de um canal.
Julgamento e execução: O que levou mãe a cometer o ato?
Grabowski foi rapidamente detido e submetido a julgamento no ano seguinte, 1981. A raiva e indignação da mãe se intensificaram ao ouvir o acusado alegar em sua defesa que Anna teria o chantageado para receber dinheiro, e que por medo de voltar à prisão cometeu o crime. Nesse ponto, não conseguiu mais sustentar a dor e num turbilhão de emoções disparou oito vezes contra Grabowski, que tombou e morreu ainda no tribunal. Marianne agora, por sua vez, passava a ser réu, acusada de assassinato.
As repercussões do ato da mãe dividiram a sociedade alemã entre os que condenavam e os que aplaudiam seu ato. Apesar de condenada a seis anos de prisão por homicídio culposo e posse ilegal de arma de fogo, Marianne em pouco tempo retornou à liberdade. A mãe que perdeu sua filha para um ato de violência impensável, acabou transformada em símbolo de justiça vigilante. Marianne faleceu em 1996, sendo enterrada ao lado da filha Anna. Em meio a todas as nuances, seu caso levanta ainda hoje provocantes questões sobre justiça, vingança e a dor da perda.