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Conversas entre procuradores da Lava Jato sugerem uso estratégico de vazamentos

Conversas obtidas pela Polícia Federal na Operação Spoofing – deflagrada contra “hackers” que invadiram celulares de autoridades – sugerem que os procuradores da Operação Lava Jato utilizavam, de modo estratégico, os vazamentos que eram liberados pela imprensa.

Uso estratégico de vazamentos

Em uma das conversas, os procuradores discutem qual a melhor mensagem de redação para justificar a condução coercitiva do ex-presidente Lula no dia 04 de março de 2016, argumentando que a medida teria sido necessária frente a recusa de Lula em comparecer a um posto da Polícia Federal.

O procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa, indicou que talvez fosse melhor argumentar que não houve condução coercitiva:

Vcs sabem se a condução ontem foi executada ou se ele foi voluntariamente? Não consegui falar com Luciano [Flores, delegado da PF]. Se foi voluntariamente, não tem do que reclamar. Se não foi, ele mentiu que sempre está à disposição para depor. Poderia fazer o raciocínio: se ele disse ontem que sempre se dispôs a depor, então sequer houve condução coercitiva… mas tenho receio de suscitar novas críticas quanto ao ambiente de coação. Acho vou colocar nas entrelinhas.

Em contraponto, o também procurador Andrey Borges de Mendonça se manifesta contrariamente ao posicionamento de Dallagnol:

Não gosto do raciocínio. 15:38:46 Acho que parece entender que ele [Lula] tinha opção. E ele não tinha. Cuidado.

Em outra oportunidade, foram obtidas conversas entre Deltan e o repórter da TV Globo Vladimir Netto, autor do livro Lava Jato: juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil. Na conversa, o procurador menciona o envio de notas da força-tarefa para análise do jornalista.

O jornalista, por sua vez, aconselha que a publicação de uma nota só seria interessante para “não deixar Moro sozinho”, e que também deveria ser “muuuuito serena pq estamos mais expostos do que o Moro na avaliação dele (Vladimir Netto)”, disse Dallagnol.

O procurador Orlando Martello, diante das crescentes críticas à operação, sugere que a solução seria vazar conversas do ex-presidente Lula que foram interceptadas:

Se a escalada continuar, a solução é soltar os áudios, cf sugerido por CF [Mendonça]. Aí jogamos problema no colo deles, com algumas maldades (pq lula usa cel de terceiros!; proximidade de lula e JW [Jaques Wagner, então ministro da Casa Civil], bem como JW responsável pela nomeação do novo ministro; convocação de deputados; movimentos sociais, etc.

Em resposta, Andrey Mendonça disse que tais vazamentos deveriam ser considerados como a “carta na manga” da operação. O procurador Paulo Roberto Galvão relembrou que já tinham acontecido problemas quanto à liberação de mídias e que pedidos anteriores já tinham sido negados.


Obs.: As abreviações e erros de digitação e ortografia foram mantidos fidedignamente pela equipe do Canal Ciências Criminais.

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