Em CPI, Hacker diz que Bolsonaro assegurou indulto para ele invadir urnas; entenda
Delgatti afirmou que essa promessa foi feita durante uma reunião antes das eleições de 2022
Um hacker conhecido como Walter Delgatti Neto, em seu depoimento durante uma sessão da CPI dos Atos Golpistas em 17 de agosto, relatou que o ex-presidente Jair Bolsonaro prometeu a ele um indulto caso fosse detido ou condenado devido às suas atividades envolvendo as urnas eletrônicas . Delgatti afirmou que essa promessa foi feita durante uma reunião no Palácio da Alvorada antes das eleições do ano anterior. De acordo com Delgatti, essa reunião foi intermediada pela deputada federal Carla Zambelli e durante o encontro, o ex-presidente perguntou se ele seria capaz de invadir as urnas eletrônicas para testar sua integridade.

Leia mais:
STJ nega pedido feito pela defesa de Robinho
Documentário do caso Isabella Nardoni estreia hoje (17) na Netflix; relembre o caso
Delgatti relatou que Bolsonaro manifestou a intenção de que ele se encontrasse com técnicos do Ministério da Defesa para compartilhar seus conhecimentos. Delgatti também mencionou que inicialmente a intenção era que ele examinasse o código-fonte das urnas eletrônicas, no entanto, quando Delgatti e os técnicos do Ministério da Defesa discutiram o assunto, ficou claro que o código-fonte das urnas eletrônicas estava sob custódia do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tornando-se inacessível a pessoas externas, incluindo Delgatti. Assim, os técnicos do Ministério da Defesa ficaram incumbidos de transmitir a Delgatti as informações relevantes que obtiveram no TSE.
Walter Delgatti Neto ficou famoso por vazar mensagens em 2019 que foram atribuídas ao então ministro da Justiça, Sergio Moro, assim como membros da força-tarefa da Lava Jato e outras autoridades. Por conta desse vazamento, ele foi alvo da Operação Spoofing da Polícia Federal e acabou sendo detido. Recentemente, o hacker voltou a ser alvo de inquérito da Polícia Federal por invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para inserir um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, que também é o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No documento oficial, a frase “faz o L”, que é um dos slogans da mais recente campanha eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estava incluída. Naquela ocasião, Walter Delgatti Neto afirmou que a deputada Carla Zambelli foi responsável pela redação do falso documento. No ano de 2020, Walter Delgatti Neto foi libertado da prisão com a imposição de medidas cautelares. Essas medidas incluíam o uso de uma tornozeleira eletrônica e a restrição do acesso à internet. No decorrer dos últimos meses, ele foi detido e posteriormente libertado em diferentes ocasiões.

No total, 6 requerimentos foram aprovados para convocação do hacker na CPI
No início, em junho, o hacker foi detido por não ter obedecido às medidas cautelares. Nesse período, o hacker afirmou que estava cuidando do site e das redes sociais de Zambelli. No mês seguinte, ele foi solto novamente e retomou o uso da tornozeleira. No dia 2 deste mês, ele foi detido mais uma vez como parte de uma operação da Polícia Federal que visa investigar um plano para invadir os sistemas do Poder Judiciário. Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), foram aprovados um total de 6 pedidos para convocar o hacker para depor. Todos esses pedidos foram feitos por parlamentares que apoiam o governo, incluindo a senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
No decorrer da noite do dia 16, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu permissão para que o hacker se mantivesse em silêncio durante seu depoimento. Essa decisão foi uma resposta a uma solicitação da defesa de Delgatti. No entanto, até o momento, ele não utilizou essa permissão para se manter em silêncio. Conforme determinado por Fachin, ele também tem o direito de ter um advogado ao seu lado e não deve ser submetido a nenhum tipo de constrangimento físico ou moral decorrente do exercício de seus direitos anteriores.
Fonte: G1