O crime organizado foi fortalecido no Brasil por motivo INACREDITÁVEL; saiba qual
Os últimos 20 anos têm sido marcados por consideráveis mudanças na segurança pública brasileira. Uma das mais significativas foi o surpreendente aumento no número de prisões. Contudo, como aponta o jornalista e pesquisador Bruno Paes Manso, essa estratégia, inicialmente vista como solução para controlar a criminalidade, acabou fortalecendo as facções criminosas que operam dentro dos presídios.
Essa é uma dimensão complexa do cenário de violência do país que Bruno explora em seu recente livro: “A fé e o fuzil: crime e religião no Brasil do século XXI”. Trata-se de uma análise crítica que expõe a falha na atuação do Estado nas periferias e comunidades pobres das cidades brasileiras.
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Superlotação carcerária como estratégia falha
O autor enfatiza que a superlotação carcerária, que viu o número de presos saltar de 90 mil nos anos 1990 para quase 900 mil atualmente, tem se mostrado como uma resposta fracassada na contenção do crime. Em vez disso, essa situação tem sido catalisadora do poder dos líderes das facções criminosas que operam dentro e fora dos presídios.
A religião como alívio em um estado negligente
Em contrapartida à ausência efetiva do Estado, Paes Manso aponta que as igrejas evangélicas têm se tornado um refúgio importantíssimo para a população carente. Oferecem, além da vida social e conforto espiritual, recursos para a sobrevivência em territórios tomados por milícias e criminosos. Isso se dá diante da incapacidade do poder público de prover segurança e outros serviços básicos nessas áreas vulneráveis.
A relação ambígua entre crime e fé
Questionado sobre a relação entre crime e fé, o pesquisador indica que a igreja ainda se apresenta como uma importante via de saída do universo criminoso. Ela oferece um novo propósito de vida, bem como uma nova identidade para aqueles que desejam romper com o mundo do crime. Entretanto, ao mesmo tempo, também se observa um diálogo complexo entre a fé e o crime. Alguns elementos do discurso religioso, tais como a ideia de renascimento e de prosperidade, podem ser cooptados pelos grupos criminosos para legitimar suas ações e atrair novos membros.
No fim das contas, a abordagem de Bruno Paes Manso evidencia a necessidade urgente de políticas públicas mais eficientes para a segurança pública brasileira, capazes de superar o padrão reativo e punitivista atualmente dominante. Somente desta forma poderemos começar a resolver as questões estruturais por trás da violência e da criminalidade no país.