O que são crimes contra humanidade? Entenda as consequências históricas
Transgressões indesculpáveis: Uma análise dos crimes contra humanidade e seu impacto histórico
No cenário global, talvez não haja uma questão que seja de interesse mais urgente e constante do que a proteção dos Direitos Humanos. Como a história humana mostrou através de tragédias como o Holocausto, a despreocupação com esses direitos pode resultar em consequências desastrosas. Para evitar tais desdobramentos, uma das principais medidas implementadas é a punição criminal contra os perpetradores dos chamados “crimes contra humanidade“.
Mas quais são esses crimes? Quem os julga? E quem pode ser processado? Vamos analisar esses aspectos e desvendar a atuação do Tribunal Penal Internacional (TPI) na proteção dos direitos humanos.

LEIA MAIS:
PF prende miliciano que seria alvo de traficantes que executaram médicos no Rio de Janeiro
Ex-senador pode ser preso a qualquer momento por mandar matar mãe de sua filha
Definição de Crimes contra humanidade
A definição de crimes contra humanidade é tanto histórica quanto um tanto vaga. Em seu início, os crimes contra a humanidade foram reconhecidos pelo Estatuto de Londres de 1945, que estabeleceu o Tribunal de Nuremberg. Nesse estatuto, crimes como homicídio, exterminação, escravização, deportação e outros atos inumanos cometidos contra civis antes ou durante a guerra eram caracterizados como crimes contra a humanidade.
Entretanto, com o passar do tempo, este conceito evoluiu, tornando-se mais autônomo e abrangente, capable de incluir mesmo atos ocorridos fora do contexto de guerra, como atrocidades cometidas durante ditaduras militares.
O Tribunal Penal Internacional e a Evolução do Conceito
A evolução do conceito de crimes contra humanidade foi fundamental para a criação do Tribunal Penal Internacional (TPI), a organização independente responsável por julgar indivíduos acusados de cometer tais crimes.
O Estatuto de Roma de 1998, que estabeleceu o TPI, definiu crimes contra humanidade de maneira mais extensa, englobando condutas como homicídio, extermínio, escravidão, deportação ou transferência forçada de população, tortura e agressão sexual. Além disso, o Estatuto acrescentou que tais atos são considerados crimes contra a humanidade quando cometidos em um ataque generalizado ou sistemático contra qualquer população civil.

Julgamento de Crimes contra a Humanidade
O TPI, localizado em Haia, Holanda, tem capacidade de julgar pessoas individualmente por crimes contra a humanidade. Contudo, antes de levar um caso ao TPI, o crime deve ter inicialmente ser julgado pelas instâncias jurídicas internas do país onde foi realizado. Apenas em circunstâncias especiais, como a incapacidade de um país em realizar um julgamento adequado, o caso poderá ser levado ao TPI.
Os crimes de competência do TPI não prescrevem, e o tribunal apenas julgará pessoas maiores de 18 anos na data da suposta ocorrência dos crimes. Vale ressaltar ainda que a corte é composta por 18 juízes, com mandato de 9 anos, sem possibilidade de reeleição.
Controvérsias e a Importância do TPI
Apesar de sua importância na comunidade internacional, o TPI tem enfrentado críticas significativas. Muitos países africanos acreditam que a corte é tendenciosa, pois sua ação parece mais presente e pesada em países africanos. Mesmo assim, a comunidade internacional considera o TPI fundamental para a preservação e promoção dos Direitos Humanos.
Em resumo, se fizemos progresso significativo na preservação dos Direitos Humanos desde o Holocausto, parte disso se deve à ação e presença do TPI. Mesmo frente às críticas, o tribunal continua a desempenhar um papel vital na proteção dos mais vulneráveis e na repressão de crimes contra a humanidade.