Pesquisa mostra que 84% dos casos de crimes raciais são registrados em SP como injúria e não como racismo
De acordo com a delegacia especializada em crimes raciais e delitos de intolerância (Decradi), de São Paulo, cerca de 84% das denúncias de crimes raciais eram registrados como injúria racial e não como racismo. Segundo o levantamento, em oito anos, foram registrados 1.001 crimes de injúria racial e 191 de racismo pela delegacia especializada.

Mais da metade dos réus de crimes raciais foram absolvidos
Um outro levantamento também constatou que cerca de 75% dos réus de crimes raciais eram absolvidos, segundo os pesquisadores da FGV que analisaram 831 processos em sete estados (BA, GO, PA, PR, RJ, SP e SE), já na segunda instância.
Sobre a análise dos dados, a especialista Yasmin Rodrigues, declarou:
“Os casos que chegam à segunda instância já são os mais evidentes, xingamentos diretos, que têm provas. A maioria nem chega nessa fase. E, mesmo assim, os réus são absolvidos. As condenações por racismo, especificamente, são inexpressivas”
Embora na área criminal o número de absolvições seja alto, na esfera cível há um número expressivo de condenações por danos morais. Segundo as pesquisas, as vítimas obtiveram êxito em 62% dos casos, 383 dos 618 processos analisados.
Em relação aos casos de crimes raciais registrados pelo Decradi, as principais pessoas apontadas como autoras dos crimes foram mulheres brancas (316), seguido pelos homens brancos (277).
Em relação às vítimas, as análises apontam que as mulheres negras são as que mais registraram o crime (339), seguidas pelos homens negros (301). O número total de pessoas negras vítimas (640) é quase três vezes o mesmo total para as pessoas brancas (251).
Segundo as autoridades, a maioria dos crimes acontece dentro das residências, o que dificulta a colheita de provas suficientes para embasar uma condenação penal.
Fonte: G1