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Criminal Profiling e análise de indícios

Criminal Profiling e análise de indícios

Inicialmente, o presente artigo pretende demonstrar como o Criminal Profiling pode servir para que ocorra uma melhora efetiva na análise de indícios na cena do crime. Imperioso se faz frisar que determinados indícios só poderão ser colhidos na própria cena do crime, e, por mais das vezes, logo após a ocorrência do delito em tela.

Nestes termos, as técnicas e teorias do Criminal Profiling se mostram de extrema relevância para que pontos cruciais da investigação possam ser colhidos no próprio local do crime, de maneira que se possa embasar de maneira substancial o Inquérito Policial, que poderá, no futuro, servir de base para deflagração de uma Ação Penal.

Assim, a presença de uma equipe treinada e sabedora das técnicas e práticas do Criminal Profiling na cena de um crime revela-se extremamente relevante para que se possa iniciar a busca pela verdade e consequente futura condenação do criminoso.

Não obstante, importante frisar que ainda não existe a profissão específica de profiler no mundo. Até mesmo em países como o EUA, para que o policial possa se tornar um profiler, é necessário ser do FBI; ou seja, o profiler não é uma profissão, e sim uma função.

Importantíssima é a possibilidade de usar as técnicas do Criminal Profiling no serviço público, para que ocorra a efetiva redução do número de delitos sem solução. Neste sentido, a preservação do local do crime é de extrema relevância para que as equipes competentes possam realizar a coleta de indícios do referido delito.

Conforme relatado anteriormente, alguns indícios são colhidos até no máximo 24 (vinte e quatro) horas após a ocorrência do delito, haja vista que, após esse período, muitos materiais que serviriam de indícios criminais pereceram em virtude de desgaste natural do material a ser colhido.

Saliente-se que, por mais das vezes, a falta de técnica da equipe designada para efetuar a coleta de evidências na cena do crime, assim como a falta de preservação da mesma, acaba por causar diversos problemas, tanto na fase de inquérito policial quanto na fase processual penal. Dentre tais problemas podemos citar os principais como:

a) arquivamento do Inquérito Policial por falta de provas; 

b) indiciamento e autuação de cidadão que não é de fato autor do crime; 

c) absolvição de culpados por falta de prova; 

d) demora excessiva na elucidação de delitos.

Diante de tais fatos, verifica-se que no início de uma investigação policial a principal fonte de informações é justamente algumas relacionadas intimamente ao local do crime, pois, de maneira habitual, é onde se dá o primeiro encontro dos policiais com o crime. Dessa forma, a presença de um profissional especializado na técnica do Criminal Profiling aumenta substancialmente a qualidade da análise e preservação dos referidos indícios.

O objetivo da fase de coleta de provas é justamente encontrar, reunir, catalogar e preservar todos os indícios que poderão ser utilizados para reconstituir o crime e identificar o criminoso. Alguns tipos de indícios que poderão ser encontrados pelos peritos são:

a) vestígios (resíduo de arma de fogo, resíduo de tinta, vidro quebrado, produtos químicos desconhecidos, drogas);

b) impressões digitais, pegadas e marcas de ferramentas;

c) fluidos corporais (sangue, esperma, saliva, vômito);

d) cabelo e pelos;

e) armas ou evidências de seu uso (facas, revólveres, furos de bala, cartuchos);

f) documentos examinados (diários, bilhetes de suicídio, agendas telefônicas; também inclui documentos eletrônicos tais como secretárias eletrônicas e identificadores de chamadas).

Com as teorias e fundamentos do Criminal Profiling em mente, os peritos terão maiores meios, técnicas e recursos para iniciarem minuciosa busca de evidências que possam auxiliar na descoberta do que, de fato, ocorreu no delito em questão.

Ato contínuo, tais evidências coletadas na cena do crime servirão para embasar futura condenação. Assim, se mostra imperioso que a equipe de peritos tenha conhecimento amplo das técnicas do Criminal Profiling, além de meios físicos, como aparelhagem moderna e de ponta, para que os mesmos possam realizar da melhor maneira possível a reunião de evidências deixadas no local onde se deu o delito.

Ademais, importante frisar que a análise do local do crime é um processo diferente da verificação da cena do crime, haja vista que este diz respeito a um processo técnico e científico, de recolhimento, preservação e documentação de indícios físicos presentes na cena do crime. Já a análise do local do crime depende da investigação dos vestígios para elaboração de possibilidades, referentes ao processo de desenvolvimento do crime em tela.


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Thiago Cabral

Pós-Graduando em Direito Penal e Processual Penal. Pós-Graduando em Ciências Penais. Advogado criminalista.

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