Cubano confessa que morte de galerista americano no Rio teve um mandante; entenda
O cubano Alejandro Triana Prevez, autor do assassinato de Brent Sikkema, galerista norte-americano de 75 anos, confessou o crime, que teria sido encomendado por um mandante. A informação é de Greg Andrade, advogado do suspeito, ao EXTRA.
O representante jurídico ainda disse que esteve com o cubano durante duas horas na última sexta-feira, 26 de janeiro, no Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Um novo depoimento do cubano está previsto para a próxima terça-feira, 30 de janeiro.
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Relato do advogado do cubano
No mesmo dia em que esteve com seu cliente, Andrade prestou depoimento ao EXTRA. O advogado dissse que o cubano irá colaborar com a Justiça.
“Tivemos hoje com ele no Complexo de Gericinó e ele vai colaborar com todos os caminhos da investigação. Ele admite o crime e vai além, como já esperávamos, é um crime de mando” afirmou Andrade.
Ainda de acordo com o advogado, que esteve na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) nesta sexta-feira, o cubano deve ser ouvido novamente na próxima semana:
“Não estamos falando num criminoso consumado, mas de um homem que teve uma escolha errada e que está cumprindo o que tem que cumprir”, concluiu.
Dias que antecederam o crime
Dois dias antes de ser assassinado no Rio, o galerista americano levava uma rotina normal. Na tarde de quinta-feira, saiu de sua casa localizada no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio, para comprar cortinas e móveis para seu novo endereço no Leblon. Na ocasião, estava acompanhado de um motorista particular, uma amiga e o filho dela.
A chave do novo imóvel seria entregue cinco dias depois, na terça-feira. Acostumado a passar datas comemorativas na capital fluminense, ele havia programado a viagem para o Natal para decorar o apartamento recém-adquirido. Os planos, no entanto, foram interrompidos por um crime brutal.
Na mesma data, no caminho de volta para casa, Sikkema realizou uma chamada de vídeo para um rapaz, que não foi identificado. Segundo o motorista particular do americano, na ligação, ele disse que amava a pessoa com quem falava: “I love you” (“eu amo você”, em português), teria dito antes de finalizar a ligação. De acordo com a testemunha, o homem com quem Sikkema falava “se tratava de um jovem, de pele morena”.
O galerista disse para sua amiga e advogada, Simone Nunes, que teria um encontro romântico às 19h30 daquela quinta-feira. A ela, Sikkema também contou ter conhecido alguém pouco antes do Natal e disse estar apaixonado. Ele também teria brincado com a amiga: “bem, acho que preciso de um cachorro e não de um namorado”, relatou a advogada à polícia.
Ao Brasil, o galerista havia trazido 40 mil dólares, que seriam destinados a despesas anuais e a compras da mobília. Na sexta-feira, antevéspera do crime, Simone não encontrou com o americano, tendo falado com ele apenas às 22h05, por mensagem.
Na conversa, ambos combinaram uma reunião para o dia 15, que seria para uma prestação de contas, já que a advogada administrava os bens do americano quando ele estava fora do país. De acordo com ela, na data combinada, Sikkema também deixaria um cartão de crédito com a amiga para a aquisição de novos itens para seu apartamento.
O último contato entre Sikkema e Nunes foi na sexta-feira. Na data estipulada para o encontro, a advogada resolveu mandar uma mensagem para o americano. No entanto, ao entrar na conversa com o amigo, percebeu que ele não entrava no aplicativo desde às 0h04 de domingo. Como o galerista costumava ficar on-line, ela estranhou.
A primeira mensagem enviada ao americano, segundo relatou Nunes à polícia, foi às 11h30 de segunda-feira. No texto, pedia confirmação para a reunião de ambos, que estava marcada para às 13h. Sikkema não respondeu, nem mesmo visualizou as mensagens. Às 16h46, a advogada tentou novo contato, sem sucesso. Então, resolveu pedir um carro por aplicativo e ir à casa do galerista, chegando lá às 17h10.
Galerista sofreu 18 facadas e suspeito tentou passar despercebido
Brent Sikkema foi morto com 18 facadas no tórax e rosto. Seu corpo foi encontrado por sua amiga Simone Nunes, na segunda-feira.
A vítima estava em sua casa, na Rua Abreu Fialho, no Jardim Botânico. Segundo a advogada, o suspeito, identificado como Alejandro Triana Prevez, teria levado joias e um valor equivalente a R$ 180 mil, entre dólares e reais. O cubano foi preso na madrugada da última quinta-feira, 25 de janeiro.
Vídeos obtidos pela polícia mostram que a casa do americano foi vigiada durante 14 horas. Nas imagens, o cubano aparece chegando ao local por volta das 14h20 daquele sábado. Ele ficou nas proximidades até 3h57 de domingo, data do crime.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) afirma não ter dúvidas de que o crime tenha sido premeditado. Além do monitoramento da vítima, o cubano teria deixado o ar-condicionado do local do crime ligado para “chamar menos atenção”, segundo o delegado titular da especializada, Alexandre Herdy.
Prisão temporária mantida e Cubano alega ter sido agredido durante prisão
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) manteve a prisão de Prevez. Ele passou pela audiência de custódia neste domingo, e relatou ter sido agredido no momento da sua prisão em Minas Gerais.
Em depoimento à juíza Priscilla Macuco Ferreira, ele afirmou ter recebido de “policiais rodoviários e pela Polícia Especializada golpes no braço, no pescoço, no braço”. Segundo a decisão da magistrada, ele informou que não havia testemunhas, falou a característica física dos agressores e agora passará por um exame de corpo de delito.
O cubano disse que relatou as agressões já à Justiça Mineira, onde passou pela primeira audiência de custódia e fez um exame de corpo de delito. No entanto, o resultado não havia sido anexado no processo do Rio e a juíza determinou que ele fosse novamente avaliado pelo Instituto Médico Legal.
A magistrada também ordenou que os autos sejam compartilhados com o Consulado de Cuba e a auditoria militar do Ministério Público.
PRF nega agressões
Em nota, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que efetuou a prisão do cubano, nega as agressões. Segundo a PRF, ele foi encaminhado para realização do Exame de Corpo de Delito Oficial em Uberaba, “que atestou a Plena Integridade Física do mesmo”.
“Somente após a emissão do presente Laudo Técnico o detido foi encaminhado para Polícia Judiciária de MG, que efetuou o recebimento da ocorrência juntamente com o resultado do Exame de Corpo de Delito Oficial atestando a Plena Integridade Física do mesmo”, diz a PRF.
Fonte: EXTRA