Cúpula do MPF quer apurar possível omissão da PRF em motociatas de Bolsonaro
A 7ª Câmara de Coordenação e Revisão (CCR) do Ministério Público Federal, responsável por supervisionar a atividade policial, está buscando investigar possíveis falhas da Polícia Rodoviária Federal na fiscalização das motociatas lideradas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.
Durante as mais de 30 motociatas realizadas em 2021 e 2022, Bolsonaro frequentemente pilotou uma moto sem capacete, o que é uma infração grave.
A PRF alegou que estava apenas cuidando da segurança do ex-presidente, mas a 7ª CCR do MPF discordou e devolveu os casos para que sejam investigados em quatro estados.
Essa mesma Câmara do MPF já havia pedido a abertura de uma investigação contra o ex-diretor da PRF por sua conduta no comando da corporação.
Motociatas de Bolsonaro são investigadas e causam críticas à PRF pela falta de fiscalização
A PRF foi criticada por ignorar infrações de trânsito cometidas por Bolsonaro e outros motociclistas em suas motociatas, nas quais os agentes da PRF atuavam como escolta do comboio presidencial.
A PRF argumentou que seus agentes estavam envolvidos na segurança do presidente, não na fiscalização do trânsito, mas alguns membros do Ministério Público Federal pediram uma investigação para determinar se houve uma fiscalização adequada e identificar quais policiais estavam responsáveis pela segurança durante as motociatas.
De acordo com os subprocuradores, é importante identificar os percursos das motociatas em que o equipamento de proteção, como capacete, não foi utilizado adequadamente
Em setembro de 2022, Bolsonaro participou de uma motociata sem capacete durante a campanha em cidades de Pernambuco, encerrando os atos com discursos em Caruaru e Garanhuns, a cidade natal de Lula.
A câmara de controle externo da atividade policial também destaca a necessidade de investigar se a PRF tomou medidas internas para responsabilizar seus funcionários por eventuais omissões.
O inspetor Antônio Fernando Oliveira, escolhido para liderar a PRF na gestão Lula, enfatiza que a conduta de Bolsonaro em suas motociatas pode influenciar o comportamento de outros motociclistas e, por sua vez, toda a sociedade.
Após, em junho de 2022, a bancada do PT do Senado pediu ao então ministro da Justiça, Anderson Torres, que tomasse medidas para impedir que Bolsonaro continuasse a pilotar uma moto sem capacete.
Os parlamentares declararam que é significativo observar que o presidente comete continuamente uma infração simbólica, e que esta foi cometida novamente dois dias antes do primeiro mês da morte violenta de Genivaldo.
Genivaldo de Jesus Santos, um homem negro de 38 anos, foi morto após ser abordado por policiais rodoviários federais em Umbaúba, a 101 km de Aracaju. Os policiais soltaram uma bomba de gás lacrimogêneo e spray de pimenta dentro do porta-malas da viatura em que Genivaldo estava. Ele havia sido parado por trafegar de moto sem capacete na rodovia.
O objetivo do inquérito, instaurado a pedido dos subprocuradores da 7ª CCR, é apurar a responsabilidade de Silvinei Vasques, ex-comandante da PRF, no aperto da fiscalização ao transporte de eleitores no segundo turno das eleições, principalmente no Nordeste, e a suposta omissão da PRF nas primeiras 24 horas dos bloqueios de estradas promovidos por apoiadores de Bolsonaro inconformados com o resultado das eleições.
Fonte: Folha de São Paulo