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Discrição: qualidade fundamental ao advogado criminalista

Fala moçada! Quinta-feira, dia de mais uma coluna no ar, buscando sempre dar um contributo acadêmico e profissional, tanto para os estudantes de Direito quanto aos jovens advogados que procuram ocupar um espaço junto ao mercado de trabalho, esse que se encontra cada vez mais competitivo. Hoje gostaria de falar sobre uma qualidade essencial ao advogado criminal, qual seja: a discrição.

Todo o profissional, independentemente da profissão que escolher, deve sim possuir algumas qualidades que vão fazer a diferença diretamente no seu trabalho e no seu sucesso profissional.

Na advocacia criminal, uma qualidade indispensável ao advogado criminalista é a discrição frente ao cliente e ao processo em si, bem como a discrição pessoal do advogado frente à sociedade em geral. Vejamos:

Quando alguém comete um determinado crime, é pacífico que essa pessoa começa a ser imediatamente julgada por todos. Até o mais leigo dos leigos cria coragem e gosta de dar o seu “pitaco” na situação delitiva do acusado.

Hoje, com as redes sociais, temos milhões de juristas espalhados em nosso país e que, na maioria das vezes, vem a condenar “in limine” a atitude de alguém sem conhecer os motivos que levaram aquela pessoa a agir daquela maneira.

E, em pouco tempo, o nome desse acusado está na “boca do povo”, maculando não só o acusado diretamente, mas sim toda a sua família, fato este que lhe causa uma dor ainda maior.

No momento da contratação do advogado criminal, o acusado, além de apostar na qualidade do advogado como profissional, trabalhando nos autos do processo, contrata alguém que vai falar por ele, principalmente enquanto o acusado estiver preso.

Pensem em um processo midiático, no qual a imprensa dedica horas e horas do seus dias e noites para falar do processo, o que é melhor para o cliente: um advogado que tenta se autopromover com o processo, utilizando-se de todos os meios midiáticos para aparecer, ou um advogado que apenas se limita em dizer “A defesa vai se pronunciar nos autos”?

Acredito que o melhor caminho, pensando exclusivamente no cliente, é que o advogado deve apenas se manifestar nos autos, até mesmo pelo fato de a imprensa estar sempre disposta a trazer novidades do caso, para “esquentar” notícia antiga.

Assim agindo, o advogado “mina” as expectativas dos órgãos de imprensa, restringindo-se a atuar apenas no campo jurídico. Dessa feita, o acusado não fica tão evidência, vindo a ter a sua intimidade e a de seus familiares protegida.

Não adianta: quanto mais o advogado fala, mais tempo o processo fica na mídia, o que não é bom para seu defendido.

Pois bem. Narramos até agora a discrição que o advogado criminal deve ter em razão do processo visando exclusivamente o bem do seu cliente, todavia o advogado criminal também precisa ser discreto na sua vida pessoal, familiar e social se almeja um dia ser um advogado de destaque no meio jurídico e porque eu penso isso.

É de se presumir que, quando alguém pratica um ilícito, não está nos seus melhores dias, especialmente se for um caso midiático. Por isso, o advogado desse acusado deve ser sereno e tranquilo, para que possa ser capaz de ajudar seu defendido em um momento tão traumático.

Um advogado muito polêmico, com fama de problemático, que serve como “para-raios” não é o mais indicado para atuar em determinados casos.

Eu sou adepto das redes sociais, gosto de me comunicar pelas mídias digitais, no entanto, conheço uma gama de grandes criminalistas que fogem dessas mídias, não possuem Facebook ou Instagram e entendo muito bem o porquê fazem isso.

Agindo assim, preservam-se e não dão margem a qualquer tipo de especulação na vida daquele profissional.

Brigar ou discutir em rede social é ruim para o advogado criminal. Torna-se uma exposição desnecessária que vai acabar afastando futuros clientes. De cara, ele pensa: Vou contratar um mais louco do que eu?

E é pior quando aquele advogado que defende teses e mais teses no Facebook detona determinado partido politico ou grupo de pessoas e que, por um acaso, é contratado para defender alguém ligado a tudo aquilo que ele ia contra na sua página de rede social! Que situação chata!

O advogado criminal tem que se convencer que, às vezes, estamos de um lado e outras de outro; vivemos de honorários e não sabemos quem pode ser o nosso pretenso cliente de amanhã.

Finalizando o artigo meus amigos, quero deixar bem claro que devemos ter muita discrição no nosso dia a dia e, como diria minha falecida vozinha: cautela e canja de galinha jamais fizeram mal para ninguém.

Até semana que vem!

Jean Severo

Mestre em Ciências Criminais. Professor de Direito. Advogado.

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