‘As meninas de Alcácer’: conheça o crime que chocou a Espanha
Compreendendo “O Crime de Alcácer”: documentário da Netflix que reacende crime midiático espanhol
A Espanha foi assolada por um dos casos mais midiáticos de sua história, que veio novamente à tona em junho de 2019 com a estreia do documentário da Netflix “O Crime de Alcácer“. O evento chocante ocorreu em 13 de novembro de 1992, quando Antonia Gómez, Desireé Hernández e Miriam García, todas adolescentes com idades entre 14 e 15 anos, desapareceram enquanto iam a uma boate na Comunidade Valenciana.
Apesar de conhecidas como as ‘meninas de Alcácer’, as três garotas nunca mais voltaram para casa. Três meses após o desaparecimento, dois apicultores encontraram seus corpos em um local conhecido como La Romana, mostrando sinais de agressão sexual e tortura.
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Um caso midiático que mudou a Espanha
Desde o primeiro momento, a mídia contribuiu para uma exploração irrestrita da dor das famílias. Imagens e depoimentos dolorosos foram retransmitidos sem qualquer ética jornalística, alimentando o sofrimento público
Este caso destacou também uma questão essencial em relação à maneira como os crimes contra mulheres são retratados na mídia, contribuindo para um ambiente de “terror sexual”. Elementos como o foco midiático no comportamento das vítimas ao invés do sistema patriarcal que permite esses crimes, marcou a história da Espanha.
O lançamento de “O Crime de Alcácer” na Netflix
Em 14 de junho, a série documental “O Crime de Alcácer” estreou na Netflix, reacendendo o interesse público nessa história perturbadora. Composta por cinco partes, a série trata do processo de investigação, das diversas teorias que surgiram e do papel da mídia na cobertura do caso.
A série, de cinco episódios, aproximou o público novamente destes fatos terríveis e da exploração da dor e do sofrimento que a mídia realizou naquela época. As famílias das vítimas tiveram que reviver o trauma e, junto com elas, um país inteiro.
Mudanças sociais e a visão atual
As marcas deste caso ainda são visíveis hoje em dia, inclusive na luta contra a violência de gênero na Espanha. Em meio a manifestações e sentenças judiciais, é importante lembrar casos mediáticos como o de Alcácer para entender a necessidade de reformas na maneira como a mídia trata o crime e a violência contra as mulheres.
A cientista política Nerea Barjola, que analisou o caso em seu livro, apontou que a cobertura da mídia na época ajudou a construir uma narrativa de “terror sexual”. Assim, o caso de Alcácer permanece como um exemplo perturbador da exploração da dor e do terror na mídia.