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Documentário da Netflix choca com a história de um homem que tira a vida de sua família para recomeçar a sua própria vida

Shanann compartilhava relatos sobre sua vida familiar, o amor pelas crianças e outros aspectos da vida

Cada vez mais, os documentários têm o poder de nos aproximar da realidade, impulsionados pelo fácil acesso a câmeras e redes sociais. Atualmente, somos naturalmente impulsionados a documentar diversos aspectos de nossas vidas, desde momentos cotidianos até eventos especiais, compartilhando tudo pela internet com amigos e até desconhecidos. Shanann também seguiu esse padrão ao publicar no Facebook vários vídeos retratando sua rotina ao lado do marido, Chris Watt, e suas filhas, Bella e Celeste. Ela compartilhava relatos sobre sua vida familiar, o amor pelas crianças e outros aspectos comuns da vida.

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Esse material foi usado pela diretora Jenny Popplewell para criar o novo documentário da Netflix, intitulado “Cenas de um Homicídio: Uma Família Vizinha”. Ao longo do filme, com duração de 1 hora e 23 minutos, o público pode conhecer detalhes sobre o desaparecimento de Shanann e suas filhas após uma viagem em família, enquanto ela tentava lidar com as dificuldades que surgiram em sua vida. Além das gravações pessoais de Shanann, o documentário também inclui imagens capturadas pelo policial que atendeu à ocorrência, mostrando sua perspectiva dos eventos.

O desaparecimento começa a ser percebido por uma amiga de Shanann, que a deixa em casa após uma breve viagem de negócios de fim de semana. O policial, então, chega à casa da família e inicia sua investigação, enquanto Chris parece calmo, mas também evidencia certo desespero. Ele nega saber o paradeiro da esposa e das filhas, colaborando com o policial ao mencionar a falta dos cobertores preferidos das crianças, mas notando que a aliança e o smartphone de Shanann ainda estão lá, sugerindo uma possível fuga.

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Fonte: HQs com Café

O mistério se desenvolve rapidamente e, durante a investigação, são adquiridos mais dados da vida do casal, principalmente de Shanann, revelando sua forte personalidade e seu controle na relação. Esses aspectos levam muitas pessoas a considerarem Chris como uma vítima manipulada por ela.

Mesmo após a descoberta do crime, alguns vizinhos inicialmente culpam Shanann pelo que ocorreu, mas, com o avanço da investigação, surge a única suspeita contra Chris, quando um vizinho entrega imagens de sua câmera de segurança à polícia e relata comportamento estranho por parte do suspeito, completamente diferente do que havia sido visto anteriormente.

A reviravolta aconteceu quando Chris foi intimado pela polícia para realizar o teste do polígrafo, um procedimento que determinaria se ele estava falando a verdade ou mentindo. Todo o processo foi capturado pelas câmeras de segurança. É impressionante a habilidade dos profissionais lidando com casos tão impactantes como este. No momento do teste, eles já possuíam informações sobre a amante de Chris, sua identidade e que as três vítimas estavam mortas; o que faltava era a confissão e a localização dos corpos.

A princípio, Chris parecia calmo nas imagens iniciais, mas logo se tornou uma pessoa nervosa, que acabou admitindo a verdade, mesmo que de forma gradual. Com a presença de seu pai, ele confessou que estrangulou Shanann após ela ter matado suas filhas, alegando que foi um ato impulsivo de retaliação. Com dificuldade para se expressar, ele revelou que enterrou o corpo da esposa e jogou o das filhas em tanques de petróleo onde trabalhava como operador.

O desenrolar da trama, apresentado no documentário, é chocante, justificando o seu título

O choque toma conta do documentário, justificando o seu título. Esses eventos ocorreram em 2018, alguns meses após Chris ter se envolvido com outra mulher no trabalho, uma pessoa que não tinha relação com o crime. Ele afirmou que se apaixonou momentaneamente e não queria mais estar com a esposa, algo que Shanann percebeu por suas atitudes. Então, ele a matou pela manhã, levou as filhas e o corpo até seu local de trabalho e sufocou as filhas com os cobertores antes de jogar os corpos nos tanques de petróleo.

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Fonte: Canaltech

O documentário teve acesso às mensagens de texto trocadas entre Shanann e suas amigas, nas quais ela relatava que seu marido não a desejava mais, estava distante e provavelmente tinha outra pessoa. É angustiante para o espectador testemunhar o desespero de Shanann nessas mensagens, sem entender o que estava acontecendo, e, por fim, ser vítima do próprio marido, sem ter a chance de compreender os fatos, obter respostas ou, principalmente, reconstruir sua vida sem ele, junto com suas filhas e o bebê que estava esperando. Chris foi condenado à prisão perpétua.

As imagens gravadas por Shanann e apresentadas no documentário, mostrando sua rotina com o marido e as filhas, em alta resolução e com muitas conversas, aproximam o espectador da família, tornando toda a situação ainda mais revoltante. O documentário “Cenas de um Homicídio: Uma Família Vizinha” é impactante, tanto pela proximidade com a família quanto pela apatia demonstrada por Chris ao cometer os crimes e acreditando que tinha o direito de tirar a vida de sua esposa e filhas para recomeçar a sua própria vida.

Fonte: Canaltech

Daniele Kopp

Daniele Kopp é formada em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e Pós-graduada em Direito e Processo Penal pela mesma Universidade. Seu interesse e gosto pelo Direito Criminal vem desde o ingresso no curso de Direito. Por essa razão se especializou na área, através da Pós-Graduação e pesquisas na área das condenações pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Sistema Carcerário Brasileiro, frente aos Direitos Humanos dos condenados. Atua como servidora na Defensoria Pública do RS.

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