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E agora? A advocacia criminal sob a ótica de um advogado iniciante

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Por Eduardo Antonio Perine


Primeiramente, feliz pelo espaço e por poder escrever aqui. Meu nome é Eduardo Perine, sou advogado criminalista, advogo há um ano e nove meses e sou extremamente ansioso e isso atrapalhou muito o meu começo.

Como já sabemos, é possível encontrar advogado em cada esquina. Hoje, mais do que nunca, é preciso se destacar pelo diferente, e isso começa pelo básico, como o tratamento educado com o cliente, paciência para ouvir quantas vezes for a vida e as razões do cliente estar na sua frente, retornar as ligações assim que possível. E, claro, gostar do que faz. Ser advogado criminalista pelo dinheiro esqueça, é preciso mais do que isso. Viver isso é fundamental.

Assim, se já é difícil para quem vive isso há anos, imaginemos para quem, como eu, esta começando. Por isso, escrevo esse artigo. Aqui vou relatar o meu começo e se puder auxiliar o seu começo, isso já me deixa feliz.

Durante boa parte da faculdade estagiei, do primeiro ao nono período, em razão de um problema de saúde, não estagiei no último período. E então, desempregado, me formei em Dezembro de 2013, colei grau em Fevereiro de 2014 e peguei a OAB no dia 02 de Abril de 2014.

Lembro como se fosse ontem, e quase é, o dia que fiz o juramento na Ordem dos Advogados, ao lado de tantos outros novos advogados. Que felicidade. Agora sim, finalmente advogado, o início da realização de um sonho. E agora, o que fazer? Procurar um escritório para trabalhar ou abrir o próprio escritório e lutar por um lugar ao sol?  Nesta opção, começar sozinho ou com sócio?

Pois bem, decidi pela segunda opção. Na época nenhum amigo para iniciar junto, portanto, fui à luta sozinho. Para essa escolha, no entanto, eu tinha dúvidas, medos e, sobretudo, obstáculos financeiros.

A primeira batalha foi me convencer. Essa é a melhor opção para mim? Esse passo foi primordial, afinal não se deve começar qualquer negócio desconfiando de si mesmo. Aqui, claro, tinha em mente que não seria fácil, salas bem montadas, excelentes honorários e boa cartela de clientes não se faz de um dia para o outro.

Vencida a desconfiança e o medo inicial, chegou a hora de procurar uma sala. Sonhar não me custava nada, mas conseguir um escritório bonito, grandes salas e móveis bem trabalhados não era uma opção.

Após uma larga procura, consegui, então, uma pequena sala, com preço que podia arcar com as minhas humildes economias, móveis confortáveis e compatíveis para um iniciante, meus livros e a grande amiga e inseparável máquina de café.

O cartão de visita deve ser profissional e que demonstre seriedade, parece básico, mas neste início de carreira facilmente se encontra verdadeiros carnavais nos cartões. O cartão é a porta de entrada do escritório, obviamente, por tal razão não é o local ideal para inventar moda. Seriedade é o ponto.

Além disso, desde o começo impus regras fundamentais, a meu ver, como horário de trabalho a ser seguido, ir ao escritório todo dia para não torna-lo mera eventualidade, vestir-se adequadamente, entre outras coisas. Contudo, com essas regras, é importante não cometer o primeiro erro que cometi.

Obviamente os clientes não vão cair do céu, esperar no conforto do escritório não vai trazer absolutamente nenhum resultado, raras exceções – se é que existem – vão passar na frente do escritório (seja uma casa ou sala comercial em prédio) e entrar para fechar contrato.

É preciso ser visto para ser lembrado, não é verdade? Por isso, sair atrás, escrever artigos, ir aos fóruns próximos, solicitar a inscrição como advogado dativo nas varas criminais, entre outras coisas, não é uma opção, mas obrigação para quem quer ser lembrado.

Porém, embora hoje escreva essas coisas que parecem naturais para um início de carreira, não as fiz de começo. E fiquei sentado. Eu, meus livros e a cafeteira. Um café atrás do outro e o telefone mudo. O telefone não tocava por nada, nem cobrança, venda de produtos, enganos, etc., já que obviamente eles também não sabiam da existência daquele número.

Aí, como disse acima, sou ansioso, a solidão do escritório me atingia e isso já me deixava desapontado. Menos de uma semana e a desconfiança do negócio voltava a rondar meus pensamentos. Será que tinha feito a escolha errada?

Para minha surpresa, alguns dias após abrir o escritório, um tio me liga e questiona se já podia advogar (a prova de que sequer os familiares sabiam que já era advogado – mais uma vez: ser visto para ser lembrado).

Ele me conta ao telefone que o filho de uma colega de trabalho dele estava preso por roubo. A mãe já desesperada. Eu também. Chegou a minha hora de atender meu primeiro cliente e a primeira família. E agora?

A continuidade do caso, outras dificuldades e vitórias da vida de um advogado criminal iniciante conto no próximo artigo. Até breve.


Eduardo Antonio Perine – Formado em Direito pelo Centro Universitário de Curitiba e Advogado criminalista.

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