Caso Cláudia Lessin Rodrigues: crime de gênero que marcou os anos 1970 ocorreu há 45 anos e chocou o Brasil
Assassinato de Cláudia Lessin: impunidade e crueldade que chocaram o Brasil
Em 25 de julho de 1977, o corpo de Cláudia Lessin Rodrigues foi encontrado em uma encosta da Avenida Niemeyer, no Rio de Janeiro. A jovem de apenas 21 anos estava nua, tinha uma sacola cheia de pedras amarrada ao corpo e apresentava sinais de espancamento e violência sexual. Seu assassinato brutal chocou a população brasileira pela crueldade e impunidade que marcaram o caso.
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Denúncia anônima ajuda na investigação
Na madrugada do crime, o operário Luís Gonzaga de Oliveira saiu do barracão onde dormia e viu dois homens descerem de uma Brasília, arrastando algo pesado. Após ouvir a notícia sobre o corpo encontrado naquela região, ele anotou o número da placa do carro e telefonou para a Rádio Globo, informando a placa do veículo. Sua ajuda foi fundamental para identificar os suspeitos do assassinato de Cláudia.
Quem eram os suspeitos?
O carro visto por Luís era de Michel Frank, um jovem dono de uma imobiliária em Ipanema e filho do sócio majoritário da fábrica de relógios Mondaine. O porteiro de seu prédio afirmou ter visto a vítima no domingo, na companhia de Michel e outro homem, identificado como Georges Kour, um famoso cabeleireiro do Rio de Janeiro.
Para o detetive que investigou o caso, a tese de que Cláudia teria morrido de overdose era falsa. Segundo ele, Michel e Kour teriam tentado violentar a jovem, que resistiu e acabou sendo esganada por Michel. Os assassinos tentaram afundar o corpo com pedras, sendo vistos pelo operário que anotou a placa do carro de Michel.
Impunidade: suspeitos não foram devidamente punidos
O pai de Lesin, Michel Frank, subornou vários policiais e fugiu para a Suíça; ele foi preso lá, mas o governo brasileiro não apresentou a documentação necessária para uma acusação formal, e em 1977, ele foi solto. Em 1980, Kour foi julgado no Brasil, mas foi absolvido das acusações de homicídio e violência sexual, sendo condenado apenas por ocultação de cadáver.
Em 1981, Michel Frank foi condenado a dois meses de prisão por uso de entorpecentes, e cinco anos depois foi preso novamente com drogas na França. Já em 1989, ele foi assassinado com quatro tiros no rosto em seu apartamento em Zurique. Quanto ao assassinato de Cláudia, nunca foi devidamente punido, e a morte da jovem acabou entrando para a lista de mais um crime impune no Brasil.
Essa história trágica e marcante reforça como a impunidade em casos de violência pode ser devastadora. A busca por justiça para Cláudia Lessin Rodrigues e tantas outras vítimas de crimes brutais segue como uma luta constante no Brasil e no mundo.