Entendendo o comportamento suicida após assassinatos por violência machista
Em casos de violência machista que resultam em assassinato, nota-se com frequência a menção ao suicídio do agressor. Nesses casos, muitas vezes o agressor tenta, ou simula tentar, tirar a própria vida. Por trás desse comportamento, diversos fatores podem estar em jogo, como o sentimento de posse do agressor sobre a vítima, o narcisismo e a incapacidade de enfrentar a vergonha pública.
Compreender esses fatores pode ajudar a entender a dinâmica desses casos de violência e a identificar sinais de alerta para prevenir futuras tragédias. Neste artigo, discutiremos os principais fatores que levam os agressores de violência machista a tentar, ou consumar, o suicídio após assassinar suas parceiras ou ex-parceiras.
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Por que os agressores tentam ou cometem suicídio após assassinar suas parceiras?
O catedrático da Universidade de Santiago de Compostela (USC) e especialista em psicologia criminal, Jorge Sobral, explica que em muitos casos de violência de gênero que terminam em assassinato, o agressor tem um forte sentimento de posse sobre a vítima. Para ele, a parceira é uma extensão de si mesmo e, quando se sente traído ou abandonado, a sensação é de perda irreparável, chegando ao ponto de encarar a própria morte como solução.
Outro fator que pode levar a esse comportamento é o narcisismo do agressor, que possui uma imagem grandiosa de si mesmo e não consegue aceitar a ideia de ser rejeitado ou abandonado. A dor causada por essa suposta traição é tão intensa que preferem acabar com a própria vida a ter que enfrentá-la.
Mas qual a relação entre o assassinato e o suicídio nesses casos?
Segundo Jorge Sobral, os agressores tendem a projetar sua identidade na vítima. Isso significa que ao assassinar a parceira, estão eliminando parte de si mesmo. Por isso, muitas vezes, após cometer o crime, o agressor enxerga a própria morte como consequência ou complemento do assassinato.
Além disso, em alguns casos, o agressor pode ser alguém com uma reputação social alta e que não suporta a ideia de ser julgado e perder prestígio por conta de suas ações. Nesse sentido, o suicídio surge como uma forma de evitar a vergonha e a exposição pública.

É possível identificar e prevenir esse tipo de comportamento?
Embora não haja uma fórmula para identificar com precisão os agressores em potencial, é importante lembrar que os fatores mencionados acima podem estar presentes em indivíduos que apresentam comportamentos de posse, narcisismo e instabilidade emocional. Estar atento a sinais de violência e buscar ajuda de profissionais da saúde e autoridades competentes pode ser crucial para evitar desfechos trágicos.
Entender a complexidade do comportamento suicida em casos de violência machista é fundamental para desenvolver estratégias de prevenção e intervenção, mas é importante lembrar que cada caso é único e deve ser tratado com cuidado e responsabilidade.