O sequestro do irmão de Zezé di Camargo e Luciano e o arrependimento de Moacir Francisco Oliveira.

Manifestando remorso após uma longa carreira de delinquência, Moacir Francisco Oliveira, com 61 anos em 2023, faz súplicas a Deus das dependências da Penitenciária 1 de Avaré, em São Paulo. Conhecida por abrigar uma das principais sedes do PCC (Primeiro Comando da Capital), a unidade prisional abriga Moacir, o homem que infamemente sequestrou e mutilou o irmão dos cantores Zezé Di Camargo e Luciano.

A condenação de 119 anos imposta a Moacir é consequência de sucessivas práticas de crimes graves, incluindo múltiplos sequestros e roubos. Encarcerado desde 2007, Moacir reflete em suas petições o peso e o sofrimento de sua sentença, expressando sua fé como única fonte de fortalecimento.

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O histórico criminal e o sequestro hediondo

Oliveira esteve por duas vezes na Penitenciária 1 de Avaré, sendo a primeira vez em 1991 após transferência da Penitenciária Central de Piraquara, no Paraná. Fugiu da unidade de Avaré em 1996, permanecendo foragido até 1999, quando foi recapturado após o sequestro de Wellington José de Camargo no Mato Grosso do Sul.

Além do sequestro, a violência que marcou a ação deste crime também chocou o país. Numa fria demonstração de brutalidade, Moacir cortou dois terços da orelha esquerda de Wellington para pressionar a família a pagar o resgate. A notoriedade e a crueldade do crime, associada ao status de celebridade do sequestrado, trouxe ao caso uma exposição midiática inédita no Brasil.

O plano de captura de Wellington Camargo

Wellington foi sequestrado em Goiânia no final de 1998, num crime que foi meticulosamente planejado ao longo de oito meses pelos irmãos Oliveira. O primeiro passo para o crime foi dado quando assistiam ao Domingo Legal, programa exibido no SBT, no qual Zezé Di Camargo fez uma declaração de seu afeto pelo irmão Wellington.

Enquanto planejavam o sequestro, os irmãos Oliveira adquiriram uma chácara em Abadia de Goiás, construíram muros altos e instalaram um portão eletrônico. Ali construíram o cativeiro que manteria Wellington por seu longo suplício de quase cem dias.

Um resgate cruel e a libertação

Resgate inicialmente exigido foi de US$ 5 milhões, mas após duras negociações, foi reduzido para US$ 300 mil. Após o pagamento, Wellington foi solto num matagal em Guapó, próximo de Goiânia. Mesmo sendo paraplégico, conseguiu se arrastar até as margens de uma estrada, sendo encontrado dois dias depois do pagamento do resgate.

Dias depois do fim do sequestro, a polícia conseguiu rastrear as ligações da quadrilha e prendeu sete dos envolvidos no crime. Moacir foi condenado a 40 anos de prisão, enquanto seu irmão José, a 41 anos.

A origem da vida criminosa de Moacir

A família de Moacir é conhecida pela sua ligação com o crime. O assassinato de seu pai, que também tinha um histórico criminal, motivado por um delegado, desencadeou uma promessa de vingança que levou à vida criminal dos irmãos Oliveira. O delegado alvo da ira dos irmãos sobreviveu a quatro atentados mas foi morto no quinto, perpetrado por José Francisco de Oliveira.

Atualmente, Moacir permanece recluso em Avaré. A brutalidade de seus crimes, juntamente com o arrependimento manifesto em suas cartas a Deus, indicam uma trajetória marcada por violência e remorso, uma vida no crime com um legado de sofrimento.