É curioso que aqueles que mais defendem o aumento do rigor penal e a redução de garantias constitucionais se frustrem tanto com a prisão preventiva daqueles que supostamente atentaram contra o Estado Democrático de Direito.
Os que pleiteiam a redução da maioridade são justamente os mais refratários às políticas de desarmamento, mesmo que a violência contra a qual se insurjam seja praticada quase sempre com armas de fogo.
O que está em jogo, na verdade, não são princípios. Mas a ideia recorrente de que alguns crimes e certas violências sejam aceitáveis, enquanto outras não.
A seletividade não para na legislação, pois é sabido que a vigilância policial tampouco se distribui proporcionalmente pela sociedade.
Mas exatamente esse mesmo raciocínio pode ser utilizado para o lado oposto: quem já lutou pelo controle do poder punitivo estatal, contra a prisão antecipada da pena e pela necessidade da imparcialidade do julgador, não pode aplaudir alguns excessos que estamos vendo ocorrer.
Aqueles que demonizam Alexandre de Moraes, são justamente os mesmos que outrora aplaudiam e endeusavam Sérgio Moro. E alguns daqueles que hoje aplaudem Alexandre de Moraes, são os mesmos que tempos atrás criticavam duramente Sérgio Moro.
Isso ocorre justamente porque essas pessoas enxergam o acusado como o outro, e nunca como um “nosso”.
Diz aí, tu desejarias para um amigo teu o mesmo tratamento que desejas para o seu inimigo? Tu gostarias que um filho teu fosse julgado por juízes como Sérgio Moro e Alexandre de Moraes?
Por isso, apesar de ser de esquerda e de ter votado no Lula, não consigo ser omisso diante dos excessos que estou vendo ocorrer. Antes de ser Lulista, sou criminalista e garantista.
Garantias são para todos, sem exceção!