Inconformadas, esposas de PMs denunciam que saúde da tropa está em situação crítica
O caso que ocorreu em 14 de janeiro, em que um policial militar tirou a vida de um colega e, em seguida, cometeu suicídio, revelou que suporte mental oferecido pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) aos seus membros tem falhas. A página “Esposas Unidas PMDF” no Instagram, administrada por mulheres de militares, passou a expor relatos alarmantes sobre a atual condição da tropa após as mortes do soldado Yago Monteiro Fidelis e do segundo-sargento Paulo Pereira de Souza.
Membros da corporação revelaram que os serviços de tratamento estão debilitados. Um familiar alertou sobre a fragilidade do atendimento psicológico, mencionando que os policiais são atendidos em clínicas sem a supervisão de um médico militar para assegurar a qualidade do tratamento. As denúncias ressaltam a liberação inadequada de policiais para o serviço nas ruas, apesar de não estarem em condições ideais.
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Uma mulher, que passou no concurso em 2000 e serviu por oito anos, compartilhou sua experiência de ter deixado a corporação devido a problemas de saúde mental. Ela destacou a falta de compreensão por parte da instituição em relação a sua condição, inclusive sendo internada em uma clínica psiquiátrica, enquanto a PMDF questionava sua veracidade.
Serviço debilitado para PMs
O serviço de saúde da PMDF foi revelado como extremamente debilitado, contando apenas com um médico psiquiatra para atender cerca de 10 mil membros da tropa. A corporação anunciou a abertura de vagas para psiquiatras, mas a situação atual é crítica, com altos índices de atestados de afastamento por doenças mentais. A PMDF informou que, em 2023, foram homologados 2525 atestados desse tipo, com uma média de seis PMs se ausentando diariamente devido a sofrimento psíquico.
A comandante-geral da PMDF, coronel Ana Paula Barros Habka, anunciou medidas para cuidar da saúde mental da tropa após o sepultamento do soldado Yago. O plano inclui um mapeamento dos batalhões para identificar policiais com problemas de saúde mental, retirando-os das ruas se necessário. Também está previsto um convênio com a Associação Médica Brasileira para atendimento no Centro Médico da Polícia Militar e a implementação de centros de capacitação social nos quartéis para apoiar a tropa. A corporação reforçou o compromisso de reestruturar o serviço de saúde, reconhecendo a importância de proporcionar um ambiente de trabalho saudável e apoiar os policiais diante das demandas psicológicas da profissão.