Ex-presidente do partido Democratas e 10 policiais militares são indiciados por assassinato de famoso empresário
A Polícia Civil encerrou as investigações sobre o falecimento de Fábio Alves Escobar Cavalcante e de outras sete pessoas, cujos assassinatos, segundo a apuração, foram cometidos para encobrir vestígios. O ex-presidente do partido Democratas (agora União Brasil) em Anápolis, Carlos César Savastano Toledo, conhecido como Cacai, e dez membros da polícia militar foram formalmente acusados.
O desfecho das investigações apontou Cacai como o “mentor intelectual” do assassinato de Escobar, responsável por orquestrar o crime ocorrido em Anápolis em 2021. Além dele, três policiais militares têm vínculos diretos com a morte do empresário Glauko Olívio de Oliveira, Thiago Marcelino Machado e Erick Pereira da Silva.
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Os outros policiais militares acusados estão relacionados a sete outros homicídios, aparentemente cometidos para ocultar evidências do falecimento de Escobar. As outras vítimas incluem: Bruna Vitória Rabelo, Gabriel Santos Vital, Gustavo Lage Santana, Mikael Garcia de Faria, Bruno Chendes, Edivaldo Alves da Luz e Daniel Douglas de Oliveira. Cada vítima teve sua forma específica de falecimento.
O assassinato
Cacai coordenou a campanha política do Democratas para o governo estadual em 2018, em Anápolis. Com a vitória de Ronaldo Caiado, ele assumiu o cargo de diretor administrativo da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego). Em 2020, foi detido sob suspeita de envolvimento em fraudes em licitações na companhia, perdendo seu cargo em consequência.
Escobar trabalhou com Cacai durante a campanha de 2018 e, no ano seguinte, começou a expor supostos desvios de dinheiro na internet. Para as investigações, esses conflitos foram o motivo por trás do assassinato do empresário. O pai de Escobar afirmou em entrevista à TV Anhanguera que o filho possuía informações sobre desvios de dinheiro e que foi ameaçado por alguém ligado a Cacai.
A defesa do ex-presidente dos Democratas contesta seu indiciamento, alegando que ele nunca foi intimado a depor durante as investigações. Afirma também que Escobar e Cacai já haviam se reconciliado, eliminando qualquer motivo para que Carlos desejasse mal a Fábio.
Fábio Escobar foi morto a tiros por dois homens na noite de 23 de junho de 2021. Informações do Ministério Público de Goiás (MP-GO) indicam que os criminosos estavam em um veículo e usando máscaras tipo “balaclava”. O empresário foi levado ao hospital, mas não resistiu.
Ex-presidente dos Democratas
Cacai Toledo é considerado foragido desde 16 de novembro, quando a Justiça emitiu um mandado de prisão temporária contra ele. Sua defesa alegou que ele estava em uma viagem de negócios fora do país e se entregaria ao retornar. Entretanto, a Polícia Federal informou que não há registros recentes de sua saída do país.
Após o encerramento do inquérito, a Polícia Civil solicitou um mandado de prisão preventiva contra Cacai.
O advogado Pedro Paulo de Medeiros, em entrevista ao G1, declarou que está buscando revogar a prisão preventiva de Cacai para que ele possa enfrentar as acusações em liberdade.
Testemunhos
A TV Anhanguera teve acesso ao inquérito policial do caso Escobar e das outras sete mortes.
Um dos depoimentos no inquérito sobre a morte de Escobar foi do ex-comandante da Rotam, coronel Benito Franco. Ele relatou que Cacai o procurou na sede do batalhão para mencionar ameaças que estaria sofrendo por conta das denúncias de Escobar.
O coronel afirmou que Cacai buscava ajuda para “resolver o problema”, deixando claro que a solução que queria era a morte do empresário.
“Cacai disse que estava temendo as ameaças de Fábio Escobar, devido a desavenças pessoais, e que a única maneira de resolver o problema seria ‘apenas matando’. Ele também entregou ao coronel um documento com os dados de Fábio Escobar”, relata o inquérito.
O coronel também mencionou que, quando Cacai o procurou na sede da Rotam, estava acompanhado de Jorge Caiado, ex-chefe de gabinete do governador Ronaldo Caiado.
Jorge Caiado também depôs à polícia sobre o assunto. Ele confirmou que acompanhou Cacai até a sede da Rotam para discutir as ameaças que Cacai afirmava receber.