Ex-vereador que perdeu mandato por racismo está na mira da Justiça por suspeita de rachadinha
Julgamento e cassação de Camilo Cristófaro Camilo Cristófaro: da atuação política polêmica à cassação do mandato
Camilo Cristófaro, vereador paulistano conhecido por suas polêmicas, teve seu mandato cassado em maio de 2023, pouco menos de um ano depois de fazer uma declaração controversa. Durante uma sessão virtual, em maio de 2022, o parlamentar proferiu a seguinte citação, considerada racista: “Eles não lavaram nem a calçada, é coisa de preto, né?”.
Além do racismo, as acusações que o envolvem são de corrupção e lavagem de dinheiro. O nome do ex-vereador esteve sob investigação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que identificou uma movimentação de R$ 730 mil em apenas nove meses de 2020. A suspeita é de que Cristófaro estaria envolvido em um esquema de “rachadinha”. A defesa dele, entretanto, alega que os pagamentos foram de caráter pessoal.
Leia mais:
DNA reforça acusação de estupro contra dentista; número de possíveis vítimas chega a oito
Nelson Bolaños: conheça a história horripilante do serial killer que drogava e matava homossexuais
Controvérsias que marcaram a carreira do ex-vereador Camilo Cristófaro
As controvérsias não se resumem apenas a declarações de cunho racista. Há relatos de discussões acaloradas com colegas da Câmara, ofensas e até agressões físicas. Em sua defesa, Cristófaro frequentemente afirmava que se tratavam de “brincadeiras” ou que foram interpretadas erroneamente. Entretanto, tais alegações foram frequentemente rebatidas e recebidas com desaprovação pelos seus pares.
Repercussões e consequências do caso
Em maio de 2022, após a denúncia de racismo, a vereadora Luana Alves denunciou Cristófaro à polícia. Contudo, o vereador foi absolvido no começo de 2023, com o juiz alegando que Cristófaro “não teve a intenção de ofender ninguém”. Entretanto, o Ministério Público está recorrendo da decisão. Paralelamente, a Corregedoria da Câmara Municipal iniciou um processo de cassação, que culminou na sessão de maio de 2023. A população local, especialmente as pessoas negras, periféricas e marginalizadas, viram nessa atitude um importante passo contra o racismo.
Com a cassação, o futuro político de Camilo Cristófaro torna-se incerto. Afinal, apesar de suas controvérsias, ele foi eleito e reeleito com promessas como a de acabar com a “indústria da multa”. Atualmente ele está afiliado ao Avante, após deixar o PSB. Independentemente do futuro partidário, a perda de seu mandato indica uma rejeição clara da sociedade à conduta racista, tanto nos discursos quanto nas ações concretas, e o surgimento de uma nova era de responsabilização para aqueles que ultrapassam os limites do decoro e respeito.
Fonte: G1