“É preciso ampliar o olhar sobre feminicídio”, alerta pesquisadora
A pesquisadora Cristiane Brandão, coordenadora do Observatório Latino-americano de Justiça em Feminicídio e do Grupo de Pesquisa sobre Violência de Gênero, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), alertou a necessidade de que as autoridades passem a dar mais atenção aos casos de feminicídio no país.
Segundo Cristiane, a queda nos caso de feminicídios é superficial e o Brasil continua tendo a quinta maior taxa do crime no mundo. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública contabilizou que no primeiro semestre de 2022 foram registrados 700 casos, ou seja, a cada seis horas, uma mulher é morta por feminicídio no país.
Pesquisadora afirma que diminuição do feminicídio é ilusória
Ao ser questionada se acredita que a taxa de violência contra a mulher diminuiu, a pesquisadora explica:
“É um fato. Se considerarmos as estatísticas de 2015, especialmente a do Mapa da Violência que elevou o Brasil ao 5° lugar no ranking mundial de feminicídio, e comparar com dados de anos posteriores, percebe-se uma aparente queda. Antes o país registrava um feminicídio a cada hora e meia, ou melhor, uma morte violenta de mulher a cada hora e meia. Hoje se fala em um feminicídio a cada sete horas. Ainda assim, é uma quantidade absurda. Mas, ao nosso ver, muitos casos que deveriam ser tratados como feminicídio não estão sendo catalogados desta forma. Daí a aparente queda.”
Cristiane enfatiza não só a necessidade de “ampliar o nosso olhar sobre o feminicídio”, mas também de ampliar os mecanismos de combate a essas violências para conter seu avanço não só no Rio de Janeiro, mas em todo o país. Para isso, ela considera de suma importância a criação de centros de referência à mulher implantados em comunidades. Ou seja, espaços dedicados a construir condições para mulheres pobres se emanciparem emocional e financeiramente dos agressores.
Fonte: Veja