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Colaboração da Fiat com a ditadura brasileira envolveu espionagem e sala de interrogatório dentro da empresa

Fiat e ditadura militar no Brasil: uma relação conturbada

A empresa Fiat Automóveis S.A. conquistou grande espaço no mercado automobilístico brasileiro durante os anos 1980, fazendo uso de benefícios fiscais e financeiros sem precedentes concedidos pelo governo ditatorial da época. Em contrapartida, a Fiat permitiu ações de espionagem, violações de direitos civis e repressão política nos chamados “anos de chumbo”.

Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), que analisou a responsabilidade de empresas por violações de direitos durante a ditadura militar no Brasil.

Fiat
Imagem: reprodução/ ABAP

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A Fiat e a espionagem durante a ditadura

De acordo com os documentos analisados na pesquisa, a empresa de automóveis e suas concorrentes empregaram por muitos anos um ex-guerrilheiro infiltrado na esquerda. Essa atuação teria auxiliado a ditadura na destruição da Ação Libertadora Nacional (ALN), um grupo de resistência armada contra o regime.

Como a Fiat se beneficiou financeiramente

Para além das questões de espionagem e repressão política, a Fiat também se beneficiou financeiramente dos anos de ditadura militar no Brasil. A concessão de isenções fiscais, benefícios e infraestrutura para a empresa, bem como a participação de órgãos do governo em sociedade acionária com a montadora, garantiram à Fiat um ambiente privilegiado para crescimento e lucros.

As consequências da relação Fiat-ditadura

Essa relação entre a Fiat e o regime ditatorial brasileiro teve impactos significativos, não apenas na história da empresa, mas também na sociedade e economia do país. Os pesquisadores apontam, por exemplo, a adoção de práticas de terceirização de mão de obra pela Fiat – algo inédito no país até então – o que representou uma série de violações dos direitos trabalhistas.

Além disso, a implementação de um sistema de espionagem dentro da empresa, com constantes monitoramentos e interrogatórios a trabalhadores suspeitos de “subversão”, gerou um clima de medo e precarização nas relações de trabalho.

No que diz respeito ao envolvimento da empresa de automóveis em atividades de espionagem e repressão política, os pesquisadores acreditam que a empresa teve um papel de participação ativa. A empresa de automóveis não só facilitou a ação de espiões e agentes infiltrados em suas fábricas, mas também chegou a acolher e alimentar policiais encarregados de reprimir greves e manifestações de trabalhadores.

Fiat
Imagem: reprodução/ Brasil de Fato

Redação

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