Filme true crime alemão mostra o início das revelações sobre os horrores de Auschwitz
Filme “Labirinto de Mentiras” retrata a busca pela justiça em casos do Holocausto
O drama alemão “Labirinto de Mentiras“, dirigido por Giulio Ricciarelli, é uma estreia nos cinemas que reconstrói os bastidores de uma investigação nos anos 1960 em Frankfurt. A história real aborda o julgamento de alguns dos responsáveis pelas atrocidades cometidas no campo de concentração de Auschwitz durante o Holocausto.
A trama se passa em 1958, quando um jovem promotor chamado Johann Radmann (interpretado por Alexander Fehling, de “Bastardos Inglórios”) inicia sua carreira lidando com casos de trânsito. Por acaso, o jornalista Thomas Gnielka (André Szymanski) cruza seu caminho, tentando interessar a justiça de Frankfurt em processar um ex-guarda de Auschwitz que foi reconhecido por um amigo, trabalhando numa escola primária.
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O que se sabia sobre os campos de concentração naquela época?
Treze anos após o fim da 2ª Guerra Mundial, pouco se sabia sobre o que realmente aconteceu nos campos de concentração, e a Alemanha Ocidental vivia um processo de “desnazificação”. O efeito colateral disso foi um intenso processo de esquecimento. As únicas pessoas que realmente conheciam os horrores dos campos eram as vítimas, como o artista Simon Kirsch (Johannes Krisch), o amigo do jornalista que reconheceu seu algoz na escola.

Como a investigação se desenrolou diante das dificuldades?
Apesar da falta de estímulo no ambiente judicial, Radmann envolve-se na investigação incipiente, que passa a ganhar corpo com a denúncia do jornalista. Inúmeras vítimas começam a procurar o promotor para denunciar as atrocidades que sofreram ou presenciaram. Radmann tem como aliado seu superior, o procurador-geral Fritz Bauer (Gert Voss), um judeu que também sofreu perseguição dos nazistas. No entanto, muitos outros membros da corte judicial e dos arquivos parecem mais dispostos a criar obstáculos do que fornecer informações.
O filme tem um ritmo didático, mas apresenta qualidades ao expor de forma clara o funcionamento das estruturas de poder da Alemanha na época e os efeitos nocivos da Guerra Fria. A batalha heroica do jovem Radmann, que amadurece pessoal e profissionalmente no processo, também destaca a discussão eterna em países que precisam lidar com seus passados sombrios, incluindo a Alemanha pós-nazismo e países latino-americanos que enfrentam crimes de suas ditaduras militares, como o Brasil.