Ministro Flávio Dino sobe o tom e quer sistema único para combater “atacadistas do crime”; entenda
Nesta quarta-feira (22), Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, afirmou que o combate ao crime no Brasil deve ter como foco os “atacadistas do crime”, em referência às organizações criminosas coordenadas, que movimentam altas cifras no país e estão envolvidas em lavagem de dinheiro ou narcotráfico.
De acordo com Dino, em contraposição aos “atacadistas do crime” está o “crime de varejo”, que diz respeito a roubos, furtos ou outros crimes “individuais”, que acontecem, normalmente, de forma isolada.
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“Nosso problema [da segurança pública] não é quantitativo, mas qualitativo […] Quando se fala, hoje, em roubo e furto, você não fala do crime de varejo, e sim de uma autêntica cadeia produtiva, em que há aqueles que estão no varejo, mas, normalmente, articulados com atacadistas do crime”, afirmou Dino.
Dino quer cooperação entre governo e estados
Dino afirma que o Ministério da Justiça está empenhado em colocar em prática o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) para implementar esse combate. A iniciativa pretende formar uma organização nacional de combate ao crime por meio da cooperação entre o governo federal e os Estados.
O sistema é previsto pela Lei 13.675/2018, que criou a Política Nacional de Segurança Pública. No entanto, Dino diz que, apesar das tentativas de instituir o SUSP, a iniciativa ainda é “muito incipiente”.
Para o ministro, a questão principal em debate sobre o combate ao crime organizado no Brasil é que a segurança pública sempre foi um tema mais local do que nacional, dificultando seu enfrentamento.
“E qual foi a assimetria institucional que se gerou? A criminalidade se nacionalizando e se transnacionalizando, e o combate estadualizado. E é claro que, a partir daí, você não consegue enfrentar adequadamente um crime que é nacional com fatores locais de política pública”, disse.
Dino fez as declarações durante o 7º Fórum CNT (Confederação Nacional do Transporte). O evento foi organizado para debater questões de segurança pública e atividade transportadora.
Enfrentar a logística do crime
De acordo com o ministro da Justiça, as políticas de segurança terão foco no enfrentamento ao crime organizado em portos, aeroportos, fronteiras e divisas, uma vez que esses locais concentram 2 pilares do crime, segundo ele: logística e dinheiro.
Outra iniciativa do governo federal citada por Dino foi o Enfoc (Programa Nacional de Enfrentamento às Organizações Criminosas), lançado em outubro deste ano e que propõe algumas iniciativas, como:
- Criar integração institucional e informacional entre as redes de enfrentamento;
- Valorizar recursos humanos das instituições de segurança pública;
- Fortalecer a investigação criminal e a atividade de inteligência;
- Criar expertise para a adoção de visão sistêmica das organizações criminosas.
Fonte: Poder360