Noticias

Famosos frigoríficos brasileiros negociaram com pecuaristas investigados por lavagem de dinheiro; entenda

Nos últimos anos, grandes frigoríficos brasileiros, como JBS, Marfrig e Minerva, adquiriram gado de grupos econômicos envolvidos não apenas em ilícitos ambientais, mas também em lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros. A conexão entre esses crimes preocupa autoridades globais, já que, de acordo com dados da Interpol, os crimes contra o meio ambiente ocupam o terceiro lugar entre as economias ilícitas mais lucrativas do mundo, ficando atrás apenas do tráfico de drogas e do contrabando.

Marcus Pleyer, ex-presidente do Grupo de Ação Financeira (GAFI), uma organização intergovernamental focada no combate a crimes financeiros, destaca: “A lavagem de dinheiro associada a crimes ambientais é um problema grave, muitas vezes ignorado pelos governos”. Um estudo da entidade enfatiza a necessidade de aprimorar não apenas políticas públicas, mas também iniciativas corporativas para monitorar fornecedores nesse contexto.

frigoríficos
Imagem: Reprodução/Pixabay

Leia mais:

Bullying se torna crime e pena para ataques em escolas é agravada no Brasil

Governo Federal paga R$ 95 milhões para ter mais policiais em 12 estados do Brasil

Melina Risso, diretora de pesquisa do Instituto Igarapé, ressalta que as atividades ilegais que destroem a Amazônia, como desmatamento, garimpo e criação irregular de gado, estão associadas a vários crimes. A lavagem de dinheiro, nesse cenário, tem o objetivo de ocultar a origem ilegal e criminosa do capital. Segundo um estudo da organização, houve suspeita de lavagem de dinheiro em 20% das operações da Polícia Federal na Amazônia Legal entre 2017 e 2021.

Investigação dos frigoríficos

Um exemplo que evidencia essa conexão é uma investigação da Repórter Brasil em 2022, que levou a JBS a admitir a compra de quase 9 mil cabeças de gado de origem irregular. Esses animais vinham de fazendas supostamente ligadas a uma quadrilha de desmatadores em Rondônia liderada por Chaules Volban Pozzebon. Embora Pozzebon tenha sido preso em 2019, uma empresa do grupo, registrada em nome de sua mãe, continuou fornecendo gado para a Minerva até 2021 e para a JBS até 2022.

Um relatório interno revelou que essa empresa, a Agropecuária Rio Preto, fazia parte do “núcleo financeiro” de apoio ao criminoso. A análise das transações de dinheiro entre empresas e indivíduos da quadrilha mostrou um aumento nos repasses de empresas ligadas à pecuária para a Agropecuária Rio Preto no período em que as atividades ilegais da quadrilha se expandiram.

Além disso, há casos como o do empresário Luiz Pereira Martins Pires, denunciado pelo Ministério Público Federal do Tocantins por lavagem ou ocultação de bens em um esquema de fraudes e desvios de recursos ligados a um ex-governador do estado. Sua empresa, Agropecuária Umuarama, recebeu repasses do estado e negociou com frigoríficos como Marfrig e Masterboi.

Esses exemplos demonstram a complexidade das relações entre grandes frigoríficos e grupos ligados a atividades criminosas e ambientais. A implementação de políticas mais rigorosas de due diligence (diligência prévia) é crucial para reduzir a exposição a esses riscos e prevenir conexões prejudiciais na cadeia produtiva da pecuária.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo