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Golpe do empréstimo online

Golpe do empréstimo online 

De acordo com os dados do SPC, mais de 62 milhões de brasileiros encerraram o ano de 2018 inadimplentes, sendo que cerca de 51% tinham dívidas com instituições financeiras. Infelizmente, é o resultado da economia do país e do índice de desemprego, sendo que esse só apresenta baixa porcentagem se comparado com anos anteriores, diante do aumento dos trabalhadores autônomos.

Mas não é só o desemprego que faz parte desse índice de inadimplência. Tivemos um aumento significativo da concessão de crédito, e uma pesquisa feita também pelo SPC em 2018 divulgou que mais de 20% dos brasileiros optaram por solicitar um empréstimo e o principal motivo: pagamento de dívidas.

Como funciona o golpe do empréstimo online 

Por conta disso, e se aproveitando deste cenário, os criminosos virtuais iniciaram a aplicação do golpe do empréstimo online, e que atrai o solicitante diante da rápida efetivação da operação, com apenas uma solicitação: a antecipação de um valor ínfimo. Exemplificando melhor: o solicitante pleiteia R$ 10.000,00, e o criminoso diz que o dinheiro estará em mãos no mesmo dia, bastando apenas que seja realizado um depósito no valor de R$ 300,00.

Por incrível que pareça a aplicação do golpe do empréstimo não é de hoje, mas conseguiu um destaque maior nas vias virtuais pelo seguinte motivo: conteúdo da proposta. Convence tanto pessoas que não estão precisando, mas que querem dinheiro para gastos pessoais, quanto as que precisam urgentemente quitar uma dívida ou limpar seu nome.

Por isso, grave esta informação: o estelionatário vai encontrar em você a fragilidade que ele precisa para te convencer a contratar o empréstimo. Agora, como saber que se trata de um criminoso e não de uma proposta idônea? 

Basicamente, o criminoso não se vale de outra forma de trabalhar senão utilizar, primeiramente, o nome de uma instituição financeira conhecida, e, segundo, um aplicativo de mensagens que facilitará a comunicação, como o WhatsApp, por exemplo.

E o ponto principal é: será exigido que a vítima efetue o pagamento de uma quantia em troca da liberação do valor pretendido. E aí que está a solidificação desse crime. É através dessas transferências, que, sob a ótica da vítima, pode parecer irrisório, que o crime de estelionato está sendo sustentado.

E sabe como eles convencem a vítima a efetuar este pagamento? Simples, informando ser uma caução que será devolvida ao final do pagamento dos valores, ou taxa para abertura do crédito, entre outros. É lógico, taxas existem, mas não existe pagamento antecipado para liberação de empréstimo. A regra é clara: recebe primeiro, paga depois.

Pois bem, até agora temos as seguintes dicas:

  1. Desconfie de proposta via WhatsApp. Geralmente vai estar o logo da suposta empresa na foto do perfil e uma mensagem bem elaborada para causar o convencimento;
  2. Desconfie do conteúdo da proposta. Repare em erros de português, valores elevados e principalmente, de um pré-pagamento para liberação dos valores e;
  3. Desconfie se esse pagamento for direcionado a conta de pessoa física;

Precisamos entender que a concessão de crédito não é um prêmio ou uma promoção da instituição financeira. Os criminosos vão utilizar todos os mecanismos possíveis para que você se sinta importante e privilegiado. A proposta te faz pensar

eu nunca imaginei que pudesse receber este valor, eu preciso aceitar.

E com isso, começo a te passar a última bateria de dicas:

  1. Desconfie se a proposta vier com a informação de que não precisa de análise de crédito, e que qualquer valor é possível de ser retirado;
  2. Desconfie de valores muito altos e com juros extremamente baixos, pois sabemos que não funciona desta forma;
  3. Verifique no site oficial da instituição financeira como funciona a solicitação de empréstimos e compare com a proposta recebida; 
  4. Se o criminoso indicar um site para acesso, confirme se existe certificado de segurança (o famoso cadeado verde ao lado do nome do domínio), CNPJ no rodapé da página, telefones de contato como SAC e Ouvidoria e se é de fato o site da instituição financeira ou correspondente bancário e;
  5. Veja se a instituição está autorizada com uma busca no site do Banco Central do Brasil (BACEN).

Todas essas informações servem para garantir a você a segurança do negócio jurídico que irá se firmar. Com o nosso mundo virtual, os contratos são firmados com mais facilidade e agilidade, e por conta disso os criminosos se aproveitam. 

Ao final, caso você perceba que se trate de uma proposta criminosa, não informe seus dados pessoais, e, ainda, comunique pessoas próximas para que também não sejam vítimas dos golpistas. Recomendo, também, informar a autoridade policial, pois é com base nestas informações que os criminosos são localizados e devidamente penalizados.


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Fernanda Tasinaffo

Especialista em Direito Digital. Advogada.

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