Crime da moda: caiu no golpe? Saiba como salvar conta de bancos e redes sociais
De acordo com a última edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicada em junho deste ano, cerca de 208 pessoas foram vítimas de estelionato. O dado demonstra um crescimento de 37,9% do crime no país.
Nesse sentido, devido ao aumento de casos registrados pelo levantamento e o uso da internet, que tem crescido cada vez mais, como o principal meio utilizado pelos criminosos para praticarem golpes, o estelionato tornou-se o “crime da moda”.
Leia mais:
Relatório da ONU denuncia abusos e crimes das Forças de Segurança de Israel
Como é a prática do crime?
Para cometer os golpes, os cibercriminosos invadem contas de redes sociais, em plataformas, criam anúncios falsos e até mesmo fazem a “limpa” na conta bancária da vítima após coleta de dados da vítima.
“Grande parte dos golpes tem por objetivo ludibriar as vítimas buscando ganhos financeiros, e muitas vezes coletando dados pessoais das vítimas”, comenta Patrick Lopes, engenheiro de segurança da Trend Micro, empresa de cibersegurança no Brasil.
A constatação é reforçada por Helder Ferrão, gerente de marketing de indústrias da Akamai América Latina, multinacional de cibersegurança. Ele ratifica que os golpes online também viraram o “crime da moda” pela conectividade maior de pessoas. O brasileiro passa, em média, cinco horas por dia no celular.
“O aumento do número de golpes acontece devido ao aumento do número de usuários conectados, crescimento do comércio eletrônico, desenvolvimento de técnicas avançadas por parte dos cibercriminosos, falta de informação e educação sobre cibersegurança, evolução das ameaças, mudanças na economia global e globalização dos crimes cibernéticos”.
Especialistas ouvidos por Tilt apontam que é crucial para reaver a conta da rede social invadida ou amenizar o dano financeiro a agilidade entre o momento em que a vítima se dá conta de que está caindo em um golpe e o acionamento da empresa ou da instituição financeira. Mas antes de cair em uma cilada, há sinais de que o contato se trata de um golpe e assim evitar a dor de cabeça.
Métodos utilizados pelos criminosos
- Softwares maliciosos: são programas de computador e de celular projetados especificamente para furtar dados pessoais das vítimas sem que elas percebam. Em geral, eles são instalados no aparelho através de um anúncio em uma página de site ou por email.
- Phishing: na tradução para para o português significa “pescando”. E de, de fato, o golpe “pesca” os dados pessoais das vítimas através de um falso anúncio, seja em página de site ou por email, no qual pede inclusão de dados pessoais, incluindo bancárias em alguns casos.
- Contas hackeadas: outro método online usado por cibercriminosos é a invasão das contas nas redes sociais não autenticada em dois fatores. Nesse caso, anúncios passam a ser publicados para induzir outras pessoas a falsos investimentos, além de usar o perfil para pedidos de dinheiro a amigos e parentes. Outra forma de causar dano financeiro por esse método é a cobrança da vítima de algum valor para devolver o acesso.
- Sequestro de audiência: nesse caso, os cibercriminosos redirecionam o tráfego de um site legítimo para um malicioso, podendo coletar informações valiosas das vítimas, principalmente se em algum momento o acesso solicitar a inclusão de alguma informação.
- Ligação: a tradicional ligação ainda é usada como um dos métodos por cibercriminosos. Eles geralmente se passam por funcionários de bancos e induzem a vítima a informar dados sensíveis. A partir das informações, eles podem ter acesso a suas contas bancárias.
Sinais dos golpes online
De acordo com Júlio Concilio, professor do Instituto Brasileiro de Segurança Cibernética, (Ibsec), ainda que os golpistas se adaptem a partir de cada método utilizada na prática do crime, há sinais uniformes que podem ser identificados em todos os golpes:
- Sensação de urgência na vítima: O ponto principal é sempre duvidar da urgência colocada pela pessoa que está tentando fazer o golpe. Geralmente ela pede ações rápidas da vítima fazendo com que ela não tenha tempo de pensar ou avaliar melhor a situação.
- Pedidos de dinheiro: Sempre duvide se a ajuda for para pagar uma conta ou fazer um pix para um terceiro. Sempre se prontifique a ajudar, porém fazendo o pagamento ou o depósito direto para a pessoa que você conhece.
- Dívidas inexistentes: Importante também ficar atentos a mensagens provenientes de instituições financeiras ou lojas virtuais citando débitos em conta ou cartão de crédito. Nestes casos, entre em contato diretamente com a loja ou com o seu gerente.
O Instituto de Defesa Cibernética (DCiber) ainda aponta outros três sinais de alerta:
- Erros ortográficos
- Links com promoções e ofertas de produtos com preços muito abaixo do mercado
- Pronúncias informais em ligações e mensagens de texto.
Diego Marcos Moreira, diretor de segurança do DCiber, afirma que “os alertas dependerão do tipo de golpe que está sendo aplicado. Cada golpe tem uma característica específica no qual ao se comparar com a execução de uma operação verdadeira, podemos extrair informações valiosas e detectar o golpe.”
Orientações para recuperação de conta após sofrer golpe
- Clique na Central de Ajuda do Facebook
- Escolha em “outra pessoa entrou na minha conta sem minha permissão” e depois em “continuar”.
- Em seguida, clique em “continuar” na próxima tela.
- Você, então, será direcionado a uma página perguntando seu email ou número de celular para procurar pela conta.
- Um questionário será aplicado. Responda e aguarde o problema ser resolvido.
- Acione o suporte do Instagram nessa página.
- Escolha a opção minha conta foi invadida e clique em avançar;
- Identifique sua conta informando alguma das opções: nome de usuário (@), telefone ou email. E clique em avançar;
- Na próxima página, o Instagram vai perguntar se você tem uma foto em sua conta. Ao escolher “sim”, você precisa fazer um video selfie após contato da plataforma em algum email no qual você tenha acesso;
- Pegue o código enviado no email e digite na plataforma;
- O próximo passo é fazer um video selfie, conforme a orientação na página, e aguarde por até 4 dias úteis para a resposta.
- Faça novamente o login no WhatsApp com o seu número de telefone
- Você receberá um código de seus dígitos por SMS. Como o golpista não tem o seu número no chip do aparelho dele, mas sim no WhatsApp, ele não receberá esse código.
- Digite os números enviados pelo SMS no campo solicitado pelo WhatsApp e entre normalmente. O golpista será deslogado automaticamente.
- Caso você tenha autenticação em dois fatores, mas esqueceu a sua segunda senha, é preciso esperar sete dias para acessar a conta novamente.
X (antigo Twitter)
- Solicite a “redefinição de senha”, serviço que pode ser acesso na página de login ou no suporte; Na próxima página, informe o número de telefone, email ou @ do usuário;
- Você receberá o código via email ou SMS e informe na tela para redefinir a senha;
- Caso não tenha acesso, use a Central de Ajuda e escolha a opção “acredito que minha conta foi hackeada ou comprometida”;
- Informe o número de usuário na próxima tela e depois em “prosseguir”;
- Você vai preencher um formulário com o nome do usuário, endereço de email que tenha acesso e a descrição do problema, e em seguida em “enviar”. O X dá dois dias para responder, informando alternativas para recuperar o acesso.
Tiktok
- No aplicativo deslogado, clique em “redefinir senha”
- Em seguida, em altere sua senha a partir do email ou telefone cadastrado.
- Caso você não tenha acesso ao email ou telefone cadastrado, use outra conta do TikTok (crie uma ou utilize de amigo ou parente) e vá no perfil invadido e tire um print.
- Depois, clique nas três barrinhas no canto superior direito e em “configurações e privacidade”.
- Na próxima tela, use a opção “relatar um problema” seguido de “sugestões”.
- Na tela seguida, clique em “não” e no campo “dê um feedback”, envie uma mensagem com o email para contato, print e um selfie e/ou vídeo recente do rosto. O TikTok entrará em contato.
Como recuperar contas de bancos após golpe?
Se o cibercriminoso invadiu sua conta bancária e fez transferências via Pix, é possível acionar o MED (Mecanismo Especial de Devolução), usado para recuperação do dinheiro.
O sistema permite abertura de reclamações em até 80 dias após o golpe, porém quanto mais rápido, maiores as chances de recuperação do valor.
Ao ser acionado, o banco do golpista bloqueia o valor e ambas as instituições (da vítima e do suspeito) analisam o caso a partir do perfil e alegações de cada uma das partes, em um prazo de 7 dias.
Se comprovado o golpe, o dinheiro sai da conta do golpista para a da vítima em até 96 horas. Isso vale obviamente se os recursos não tiverem sido sacados.
Caso a conta do responsável pelo golpe esteja vazia, a instituição financeira dele deve monitorar as transações por até 90 dias para que todo o dinheiro seja repassado à vítima até que o valor seja integralmente devolvido.
Em nenhum dos casos, o banco tira dinheiro do próprio bolso para ressarcir a vítima.
Também é possível alterar a senha do app caso tenha a conta invadida. Veja abaixo:
Banco do Brasil
- No app, vá em Acessar e digite sua Agência e Conta
- Depois, escolha Esqueci ou não tenho senha e depois em Cadastrar Senha
- Digite novamente Agência e Conta e Entendi
- Aponte a câmera do seu celular para o cartão e depois digite o código CV, que são aqueles três números no verso do cartão
- Digite a senha do cartão e na tela seguinte informe a nova senha de oito dígitos para usar no app.
Bradesco
- No app, escolha a opção “cadastrar ou trocar senha”
- Na tela seguinte, informe sua agência e conta corrente
- O próximo passo é informar a senha que você usa no cartão de débito e o código de segurança, os três números que ficam no verso. Ao avançar, cadastre sua nova senha de quatro dígitos.
Caixa
- No app vá em cadastrar usuário para criar um usuário e senha de acesso.
- Após a leitura do Termo de Uso, marque a caixa de seleção na parte inferior da tela e clique no botão Aceitar ou Concordo
- Preencha os campos CPF, data de nascimento, dados da conta (Agência e Número da Conta) e senha da conta (04 dígitos – a mesma utilizada para fazer compras com o cartão de débito)
- Crie o nome do seu usuário com letras e números entre 10 a 16 caracteres. O nome não pode conter: caracteres especiais (*,#,?…); acentos nas letras (á, é, ú); e espaços em branco.
- Cadastre sua Senha de Acesso com letras e números entre 6 e 8 caracteres (alfanumérico). Repita a Senha criada e clique no botão Confirmar.
Itaú
- Abra o App Itaú no Celular.
- Digite sua agência e conta. Toque em “ok” e depois em “acessar”.
- Siga as instruções e confirme digitando a senha do seu cartão de débito.
- Valide sua senha através do canal indicado (código SMS ou Caixa Eletrônico Itaú).
Santander
- Acesso o aplicativo Santander.
- Vá na opção “Acessar sua conta”.
- Insira o seu CPF.
- Clique no botão “Esqueci minha senha”.
- Digite a senha do seu cartão e clique em “Confirmar”.
- Após isso, você deverá criar sua nova senha, seguindo os passos do aplicativo e as boas práticas para uma senha forte.
- Por fim, clique no botão continuar e pronto, sua senha nova estará cadastrada.
Fonte: Bol