GRAVE: PM do RJ é acusada de apagar imagens das câmeras dos policiais
Defensoria Pública do Rio alega que PM apaga gravações de câmeras corporais
Um relatório elaborado pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro, enviado ao Supremo Tribunal Federal, indica que a Polícia Militar do Rio está apagando gravações e bloqueando as lentes das câmeras acopladas aos uniformes dos policiais. No período entre 27 de abril e 31 de julho de 2023, foram feitas 90 solicitações de acesso a essas imagens pelo Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria.
De acordo com o dossiê, tais requisições se referem majoritariamente a situações relatadas em Registros de Ocorrência Policial sobre suspeitas de tortura ou maus tratos praticados pelas autoridades entre o momento da detenção e a apresentação à audiência de custódia. Os demais casos são referentes a óbitos decorrentes de ação de agentes do Estado.
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Por que a maioria das solicitações não foram respondidas?
Das 90 solicitações de imagens, 51 não obtiveram resposta. Em 24 casos ocorreram exigências por parte da Polícia Militar consideradas desnecessárias pela Defensoria, como a demanda de telefone e e-mail de contato da entidade requisitante. Nos outros sete casos, a PM alegou não possuir as gravações solicitadas. Para justificar, apresentaram argumentos como “os policiais não usaram as câmeras no horário solicitado” e “ocorreu uma falha nas gravações”.
O que as imagens das câmeras revelam?
Apenas oito conjuntos de imagens foram enviados em resposta às solicitações da Defensoria. Entretanto, cinco desses registros não apresentam a abordagem policial e o momento da prisão. Três das gravações atenderam aos requisitos da instância defensora, mas ainda apresentaram problemas. Em um dos vídeos, por exemplo, a câmera é manipulada e desviada para o rosto do policial durante a prisão. Em outro, a única filmagem completa foca no policial motorista, com a abordagem já finalizada.
Como a Polícia Militar se posiciona?
Em comunicado respondendo às alegações, a Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que as imagens captadas pelas câmeras corporais são armazenadas por um período de 60 dias quando não há registro de ocorrência, devido a limitações de armazenamento na nuvem. A PM reconhece também que a maior parte das solicitações de imagens ocorre após esse período.
A corporação declara estar trabalhando junto à empresa fornecedora das câmeras para aprimorar questões de armazenamento e qualidade das imagens. Alega ainda que conduz procedimentos apuratórios em situações de má utilização desses dispositivos, os quais podem levar à punição do policial envolvido.