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Homem acusado de lançar ácido sulfúrico no rosto da ex-esposa é levado a julgamento

Três testemunhas de acusação serão ouvidas: a mãe, a irmã e uma tia de Mayara

Nesta quinta-feira (20), teve início o julgamento de William César dos Santos, acusado de assassinar sua ex-esposa, Mayara Stefany, de 19 anos, ao jogar ácido sulfúrico em seu rosto em 4 de julho de 2019. O julgamento está sendo comandado pela juíza Fernanda Moura de Carvalho, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, localizado na Ilha de Joana Bezerra, região central do Recife.

Durante o julgamento, três testemunhas de acusação serão ouvidas: a mãe, a irmã e uma tia de Mayara. Em seguida, o réu será interrogado, mas tem o direito de permanecer em silêncio. Após isso, as partes apresentarão suas réplicas e tréplicas sobre as acusações.

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William está sendo julgado por feminicídio, um crime que ocorre quando uma mulher é morta em razão de seu gênero. Caso seja condenado, ele pode enfrentar uma pena de 12 a 30 anos de prisão. A promotora de Justiça Eliane Gaia afirmou que o acusado é responsável por um crime qualificado, com agravante de feminicídio, tendo como motivos o ciúme e a não aceitação do fim do relacionamento com Mayara.

A acusação também destaca o meio cruel utilizado, ao lançar ácido contra a vítima, provocando sofrimento intenso, bem como a circunstância que impossibilitou a defesa da jovem, que estava retornando do trabalho, desembarcando do ônibus e subindo a escada, além da qualificadara do feminicídio, em virtude da violência sofrida no âmbito familiar.

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Fonte: G1 – Globo

William jogou ácido sulfúrico no rosto de Mayara enquanto seu amigo a segurou

De acordo com a Polícia Civil, antes do crime, Mayara registrou três queixas contra William em um período de 19 dias. Ela também solicitou uma medida protetora por ter sido vítima de violência física e psicológica. De acordo com as informações apuradas, William jogou ácido sulfúrico no rosto de Mayara enquanto seu amigo, Paulo Henrique, segurou. O julgamento de Paulo ainda não foi agendado, pois ele recorreu da decisão de ser pronunciado e acusado de feminicídio. Familiares e amigos de Mayara se reuniram em frente ao fórum usando camisas e cartazes pedindo justiça.

Edjane Maria da Silva França, tia de Mayara, expressou sua esperança de que William seja condenado e passe o resto da vida na prisão, dado o sofrimento que causou. Ela questionou por que ele escolheu jogar ácido em Mayara, em vez de enfrentar suas próprias dificuldades. Ela ressaltou que, embora William esteja preso, ele ainda tem condições básicas de vida, enquanto Mayara e sua família enfrentam uma dor insuperável. Simone Pires, a mãe do réu, disse que Mayara e William moravam ao lado dela. Ela afirmou que o comportamento de William foi chocante e inesperado, pois ele era um rapaz equilibrado.

“Meu sentimento é de tristeza. Porque eu sofro duas vezes, da minha parte e da parte oposta. A perda que eles tiveram, eu também tive. Porque meu filho é um menino bom, estudioso, era funcionário público. Era o meu único filho, meu companheiro para tudo. Ele era casado, e infelizmente teve esse envolvimento e perdeu a cabeça. Mas a Justiça está aí e está sendo feita, ele está pagando pelo que fez”, afirmou Simone.

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Fonte: Folha PE

O crime aconteceu em 4 de julho, quando Mayara saiu de sua casa com o filho do casal, de 2 anos, no bairro de Nova Descoberta, Zona Norte do Recife. Ela foi levada para atendimento médico, com graves queimaduras no rosto, tórax e mãos, causadas pelo ácido. Ela ficou hospitalizada em estado grave, respirando com ajuda de aparelhos.

Paulo foi preso no dia seguinte ao crime, enquanto William se entregou à polícia alguns dias depois, alegando que não pretendia jogar o ácido, apenas “queria assustar Mayara”. Ambos foram indiciados por tentativa de feminicídio em 12 de julho. No entanto, com a morte de Mayara em 25 de julho, o Ministério Público de Pernambuco solicitou a alteração da denúncia para que William e Paulo respondessem por homicídio qualificado consumado.

Fonte: G1

Daniele Kopp

Daniele Kopp é formada em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e Pós-graduada em Direito e Processo Penal pela mesma Universidade. Seu interesse e gosto pelo Direito Criminal vem desde o ingresso no curso de Direito. Por essa razão se especializou na área, através da Pós-Graduação e pesquisas na área das condenações pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Sistema Carcerário Brasileiro, frente aos Direitos Humanos dos condenados. Atua como servidora na Defensoria Pública do RS.

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