Após implosão de submersível no Atlântico, expedições turísticas ao Titanic podem acabar
Hoje, as famílias dos cinco passageiros que estavam a bordo do submersível que afundou no fundo do oceano Atlântico, próximos aos destroços do navio Titanic, estão vivendo momentos de luto. Ao mesmo tempo, as críticas estão sendo direcionadas à empresa responsável pela expedição, a OceanGate Expeditions, por possíveis falhas na segurança.
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James Cameron, diretor do filme “Titanic” e um apaixonado por exploração submarina, acusou a empresa de ignorar os alertas de segurança. No entanto, Guillermo Söhnlein, um dos cofundadores da empresa, junto com o falecido Stockton Rush, argumentou que Rush estava extremamente comprometido com a segurança e que a mitigação de riscos fazia parte da cultura da empresa. Söhnlein, que deixou a empresa em 2013, também mencionou que Cameron visitou os destroços do Titanic várias vezes para produzir o filme de sucesso em 1997.
Os parentes de duas vítimas, o empresário Shahzada Dawood, de 48 anos, e seu filho Suleman, de 19 anos, expressam profunda tristeza. Eles fazem parte de uma família que fundou um dos impérios industriais mais bem-sucedidos do Paquistão. A família do empresário e magnata da aviação Hamish Harding, de 58 anos, outra vítima da tragédia, prestou homenagens a um “explorador apaixonado” e a um marido e pai dedicado.
Na quinta-feira, a Guarda Costeira dos Estados Unidos e a OceanGate Expeditions anunciaram que os passageiros do submersível, desaparecidos desde domingo, morreram numa “implosão catastrófica” da embarcação. Além de Shahzada Dawood e seu filho, também faleceram Hamish Harding e o americano Stockton Rush, CEO da OceanGate Expeditions. O mergulhador francês Paul-Henri Nargeolet, de 77 anos, conhecido como “Mr. Titanic”, também foi vítima dessa tragédia.
Após quatro dias de intensa busca, a OceanGate emitiu um comunicado lamentando a morte do CEO Stockton Rush, Shahzada Dawood e seu filho Suleman, Hamish Harding e Paul-Henri Nargeolet, que infelizmente foram declarados como falecidos.
Destroços encontrados por robôs de busca nas proximidades do lendário “Titanic” é consistente com uma implosão do submersível
De acordo com o contra-almirante John Mauger, da Guarda Costeira dos Estados Unidos, uma área de destroços encontrada por robôs de busca nas proximidades do lendário “Titanic”, a uma profundidade de quase 4.000 metros, é consistente com uma implosão do submersível. Ele também afirmou, durante uma coletiva de imprensa em Boston, que a causa do acidente foi uma “perda catastrófica de pressão” no submersível. Logo após a perda de contato com o submarino, a Marinha dos Estados Unidos detectou um sinal indicando a implosão do submersível, conforme revelado pelo Wall Street Journal.
A OceanGate expressou em seu comunicado que esses homens eram verdadeiros exploradores, compartilhando um forte espírito de aventura e uma profunda paixão pela exploração e proteção dos oceanos do mundo. A empresa lamentou a perda da tripulação. O contra-almirante Mauger ofereceu “sinceras condolências” às famílias dos desaparecidos.
O Ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, James Cleverly, expressou sua tristeza e apoio às famílias dos desaparecidos, transmitindo as condolências do governo por meio de uma mensagem no Twitter. Os Estados Unidos e o Canadá mobilizaram recursos, incluindo aeronaves C-130, P3 e aviões com robôs submarinos, para continuar as buscas ao largo de suas costas, onde o navio de apoio submarino de turismo “Polar Prince” foi localizado.
A área de busca na superfície abrangeu mais de 20.000 km2. O submarino “Titan”, com 6,5 metros de comprimento, mergulhou no domingo, mas perdeu a comunicação menos de duas horas após o início do mergulho turístico. Ele tinha oxigênio teoricamente suficiente para 96 horas. Durante as buscas, foram divulgadas informações comprometedoras sobre possíveis negligências técnicas do submarino. Uma ação judicial nos Estados Unidos em 2018 revelou que um ex-diretor da empresa, David Lochridge, foi demitido após expressar cautelosas preocupações sobre a segurança do “Titan”.
O OceanGate, que cobrava US$ 250.000 por assento (R$ 1,1 milhão) para levar turistas aos destroços do Titanic, enfrentou críticas após o desastre. O naufrágio do Titanic resultou na morte de quase 1.500 pessoas em uma das maiores tragédias marítimas da história.
Após a tragédia, a organização Titanic International, que se dedica a preservar a história do navio lendário, pediu o fim das expedições turísticas. Eles afirmaram no Facebook que é hora de considerar seriamente as viagens humanas aos destroços do Titanic em nome da segurança, defendendo o uso de veículos submarinos autônomos. Desde a sua descoberta em 1985, os destroços do Titanic, localizados a quase 600 km do continente, têm sido um destino de sonho para aventureiros e turistas ricos em busca de emoções.
Fonte: Carta Capital