ArtigosTribunal do Júri

Isto pode te impedir de advogar no júri 

Isto pode te impedir de advogar no júri 

Um dos aspectos que mais afastam profissionais competentes das linhas de frente de atuação na advocacia criminal e principalmente do tribunal do júri é a sensação de não estar preparado ou não ser bom o suficiente.

Muitos têm excelente oratória, grande prática criminal, outros nem um nem outro, mas possuem enorme vontade de aprender e se dedicar, no entanto esses dois grupos acreditam que ainda não é o suficiente para ingressar em plenário.

A pesquisadora Bené Brown denomina esse problema, de nunca ser ou ter o bastante, como escassez. Uma sensação que domina grande parcela da sociedade e resulta numa sensação de inadequação ou falta.

A professora e pesquisadora conclui que isso se dá em razão de uma constante comparação que se faz da própria realidade com a visão de perfeição atingida pela mídia ou de alguém próximo que já conquistou determinados objetivos.

Na advocacia criminal, no tribunal do júri não é diferente, normalmente muitos se acham incapazes por se compararem com aqueles que propagam aos quatro ventos que são “os caras”, também por acharem que jamais atuarão como fulano ou ciclano.

Uma maneira que Brown induz a reflexão sobre a influência da escassez na vida das pessoas é respondendo as seguintes questões:

Vergonha: O medo do ridículo e a depreciação são usados para controlar pessoas e mantê-las na linha? Apontar culpados é uma prática comum? O valor de alguém está ligado ao sucesso, à produtividade ou à obediência? Humilhações e linguagem abusiva são frequentes? E quanto ao favoritismo? O perfeccionismo é uma realidade?

Comparação: A competição saudável pode ser benéfica, mas há comparação e disputa o tempo todo, velada ou abertamente? A criatividade tem sido sufocada? As pessoas são confinadas a padrões estreitos em vez de ser valorizadas por suas contribuições e talentos específicos? Há um modo ideal de ser ou um tipo de habilidade usado como medida de valor para todos?

Desmotivação: As pessoas estão com medo de correr riscos ou tentar coisas novas? É mais fácil ficar quieto do que compartilhar ideias, historias e experiências? A impressão geral é de que ninguém está realmente prestando atenção ou escutando? Todos estão se esforçando para serem vistos e ouvidos?

Fazendo uma leitura destes aspectos relacionada com a atuação na advocacia criminal é muito possível que se responda sim para todas essas questões. É algo absolutamente normal receber influencia desse tipo, principalmente quando na grande maioria das vezes, para receber prestígio do jovem advogado muitos “caras” da advocacia criminal dão o maior incentivo, vendem seus produtos, usufruem desta audiência, mas no seu meio tratam o jovem advogado como aventureiro.

Muitos utilizarão até o seu número da OAB para “comprovar” sua inexperiência, e o quão não estão preparados. Os críticos sempre existirão. Então como a própria autora no seu livro “A coragem de ser imperfeito” demonstra, é de extrema importância aceitar a própria vulnerabilidade, vencer a vergonha e ousar ser quem de fato é.

A perfeição é utópica, deve ser buscada sempre, mas a cada passo que se aproxima dela, ela se distancia outro. Esperar o momento certo para agir, esperar ser bom o bastante pode levar a uma espera de uma vida inteira. A única comparação deve ser feita com os próprios resultados, os críticos sempre estarão lá, fazendo a coisa certa ou não. Mas não é o crítico que importa, e sim, quem vive a vida na linha de frente.

Não é o crítico que importa; nem aquele que aponta onde foi que o homem tropeçou ou como o autor das façanhas poderia ter feito melhor. O crédito pertence ao homem que está por inteiro na arena da vida, cujo rosto está manchado de poeira, suor e sangue; que luta bravamente; que erra, que decepciona, porque não há esforço sem erros e decepções; mas que, na verdade, se empenha em seus feitos; que conhece o entusiasmo, as grandes paixões; que se entrega a uma causa digna; que, na melhor das hipóteses, conhece no final o triunfo das grande conquistas e que, na pior, se fracassar, ao menos fracassa ousando grandemente. (Trecho do discurso “Cidadania em uma Republica” de Theodore Roosevelt, 23 de abril de 1910).

O único momento em que é possível mudar a realidade é o presente. Abraços e até a próxima.

Quer saber mais sobre a atuação do advogado em plenário? Conheça o curso de júri na prática. Acesse AQUI.


REFERÊNCIAS

BROWN. Bené. A coragem de ser imperfeito: como aceitar a própria vulnerabilidade, vencer a vergonha e ousar ser quem você é. Rio de Janeiro: Sextante, 2016.


Quer estar por dentro de todos os conteúdos do Canal Ciências Criminais?

Siga-nos no Facebook e no Instagram.

Disponibilizamos conteúdos diários para atualizar estudantes, juristas e atores judiciários.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo